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Textos sobre Agricultura madeirense no Diário de Notícias da Madeira (1.ª série, quinzenal - de 9.9.2007 a 13.6.2010; 2.ª série, mensal, de 30.1.2011 a 29.1.2017; 3.ª série, mensal de 26.2.2017 a ...)
Este texto foi publicado no Diário de Notícias, no dia 27 de Outubro de 2024.
Em Santana, no fim-de-semana de 11 a 13 deste mês, aconteceu o 2.º Festival Agrícola e Repentista da Madeira – FARM. Organizado pela Câmara Municipal de Santana (CMS), este é um evento que tem lugar de dois em dois anos. É oportuno recordar que de acordo com o Recenseamento Agrícola 2019 – Região Autónoma da Madeira publicado pela Direcção Regional de Estatística da Madeira, o concelho de Santana é o principal concelho agrícola do Arquipélago da Madeira, representando 15 por cento da Superfície Agrícola Utilizada da Região (705 hectares de um total regional de 4.604 hectares), o que justifica a realização de um acontecimento desta natureza. Das actividades propostas, destaco a vertente agrícola, nomeadamente a visita de duas turmas do 4.º ano do 1.º ciclo do concelho a duas explorações agrícolas, onde puderam conhecer melhor o cultivo de hortícolas e de frutas desde a sementeira até à apanha, assim como os trabalhos necessários para a actividade agrícola. Uma maneira dos mais pequenos valorizarem a agricultura e os produtos agrícolas locais e a sua importância na alimentação. A edição do "Boletim Agrícola" lançado nas duas edições do FARM (2022 e 2024), com artigos e informação útil sobre a Agricultura do concelho de Santana. O desfile de 50 tractores que na tarde do dia 12 circularam no centro da cidade de Santana, demonstrando que apesar da Madeira ter um relevo montanhoso, há lugares onde é possível mecanizar a agricultura. A Feira Agrícola e os pavilhões, na Praça em frente ao edifício do Município, onde à noite também tinha lugar a animação musical. E o Seminário "Agricultura – Presente e Futuro" que contou com quatro oradores, o Embaixador Álvaro Mendonça e Moura, Presidente da Confederação de Agricultores de Portugal, a Professora Doutora Helena Freitas da Faculdade de Ciências e Tecnologia (Departamento de Ciências da Vida) da Universidade de Coimbra, a Engenheira Ondina Afonso, Presidente do Clube de Produtores Continente e Directora de Qualidade e Investigação da SONAE MC e o signatário deste artigo, e o moderador, o Director do JM, Miguel Silva, na tarde do dia 11 de Outubro, no salão nobre da CMS, e ao qual irei dedicar as próximas linhas.
(Direitos Reservados)
A primeira comunicação intitulada "Santana Agrícola – Presente e Futuro" coube-me a mim, onde procurei fazer um retrato agrícola do que é o concelho de Santana no presente, com as suas potencialidades agrícolas e gastronómicas, bem como as limitações à manutenção da actividade agrícola, o que se prevê que possa ser no porvir a agricultura daquele município e do Arquipélago da Madeira, com o aumento da temperatura já sentido e expectável até ao final do presente século e a uma consequente "subtropicalização", em que é necessário redefinir com urgência os patamares de culturas (zoneamento de culturas) que estão desajustados da realidade e o valor de termos mais autonomia alimentar, isto é, de sermos menos dependentes do exterior do que nos dias de hoje. De seguida, a Engenheira Ondina Afonso mostrou alguns números e tendências referentes ao Clube de Produtores Continente a nível nacional e regional: 360 produtores dos quais 20 são da Madeira, 240 mil toneladas das quais 700 são regionais, e a perspectiva de crescimento de produção nacional e regional disponível nas lojas deste grupo de distribuição alimentar. Depois de uma pausa para café, o Presidente da Confederação de Agricultores de Portugal, Embaixador Álvaro Mendonça e Moura, considerou que apesar da dimensão da Região e das suas especificidades, deve apostar na qualidade dos produtos agrícolas, no que a distingue das outras regiões e igualmente no aumento da produção. Desse modo, apelou para que o agricultor madeirense tenha a ambição de crescer, produzir mais, vender melhor e aumentar o seu rendimento. Relevou o investimento nas zonas rurais directo (à produção) e indirecto (criar condições de fixação das pessoas no meio rural), a conciliação do abrandamento dos efeitos das alterações climáticas com a preservação da natureza e a produção, a competitividade e o rendimento do sector agrícola e a manutenção do seu potencial produtivo, assim como a necessidade de renovação geracional e de apoios à investigação e inovação. Por último, a Professora Doutora Helena Freitas com a comunicação "A Ciência Ecológica e o Futuro dos Sistemas Agro-alimentares" alertou para a premência de passarmos de uma agricultura de produção intensiva para uma agricultura mais amiga do ambiente, com a ajuda da ciência, da inovação e das pessoas que serão os agentes dessa mudança. Sobre as Levadas da Madeira, entende que a Laurissilva que assinala 25 anos este ano como Património Mundial Natural da UNESCO, devem estar mais ligados. Defendeu que as Ilhas da Madeira, Porto Santo e Desertas poderiam ser Património Bio-cultural da Humanidade, algo que seria único e inovador no mundo, reconhecendo, por conseguinte, um relevante legado da presença humana de mais de seis séculos. Em suma, um Seminário que pôde ser assistido presencialmente e à distância através do canal em linha NaMinhaTerra TV.
Felicito o Município de Santana por esta louvável iniciativa de realizar o FARM, que enaltece a importância da actividade agrícola e do agricultor madeirense, debatendo o seu presente e antecipando o seu futuro!
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