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Textos sobre Agricultura madeirense no Diário de Notícias da Madeira (1.ª série, quinzenal - de 9.9.2007 a 13.6.2010; 2.ª série, mensal, de 30.1.2011 a 29.1.2017; 3.ª série, mensal de 26.2.2017 a ...)
Este texto foi publicado no Diário de Notícias, no dia 26 de Julho de 2020.
Periodicamente, a Direcção Regional de Estatística da Madeira (DREM) coloca à disposição dos interessados um conjunto de publicações sobre as diversas actividades económicas da Região. No que respeita à Agricultura, a publicação anual "Estatísticas da Agricultura e Pesca da Região Autónoma da Madeira – 2019" que pode ser descarregada na página de internet da DREM desde meados de Junho, traz informação importante que merece a nossa atenção. O ano passado por comparação com 2018, nos cultivos temporários, houve aumentos das produções estimadas de alface, semilha, batata-doce, cebola, couve repolho, inhame, milho para maçaroca e morango. Na cana-de-açúcar, cenoura, feijão maduro, feijão verde, pepino, pimento e tomate, registaram-se diminuições nas quantidades produzidas, mantendo-se a cultura do nabo constante no seu quantitativo. Nas culturas permanentes e analisando igual período (2018 e 2019), as produções estimadas de abacate, ameixa, anona, banana, castanha, limão, maçã, mango, maracujá, papaia, pêro para sidra, tangerina e vinha subiram, enquanto que a cultura de cereja desceu e a pera atingiu o mesmo número de toneladas. Como já foi aqui referido noutro artigo, as evoluções positivas e negativas das produções agrícolas regionais estimadas estão ligadas às condições climáticas, à existência e ao surgimento de pragas e doenças (algumas introduzidas recentemente), ao preço pago ao produtor e ao preço que é vendido para o consumidor final, à importação significativa de produtos similares (embora alguns até sejam de qualidade inferior) com preços de venda mais baixos que os de origem regional, entre outros.
Além dos dados alusivos ao que mais se produz, podemos encontrar números sobre a evolução do Modo de Produção Biológico (MPB). Em 2019, a Região tinha 183,1 hectares (em plena produção biológica e em conversão) e 148 agricultores. Aquela área representa 3,7 por cento da Superfície Agrícola Utilizada (SAU) regional apurada em 2016, 4.893,2 hectares. O Recenseamento Agrícola 2019 cuja realização se encontra em curso, mostrará um retrato mais próximo do presente quanto ao "peso" do MPB e da Agricultura em Protecção Integrada (PI) no total de área agrícola. Tudo indica que a Agricultura Biológica irá aumentar em detrimento da conversão de terrenos agricultados anteriormente em PI, por haver cada vez mais consumidores que optam por hortofrutícolas livres de pesticidas de uso agrícola. Porém, é inequívoco que essa transição levará tempo, uma vez que há produções agrícolas que actualmente só são eficazmente protegidas de pragas e doenças com recurso aos produtos fitofarmacêuticos químicos, como são o caso das pragas da mosca da fruta e das cochonilhas que causam sérios prejuízos. Independentemente da escolha de produtos agrícolas no que concerne ao modo de produção, nunca é demais apelar para a aquisição e consumo do que é local, pois isso também contribui para a regularidade das áreas e quantidades das culturas agrícolas na Região ao longo do tempo, com ganhos diversos para o Agricultor, o Consumidor e a Paisagem Agrícola madeirense!
Cabe-lhe a si, caro leitor, em cada momento que compra verduras e frutas, olhar e cuidar primeiro pelo que é nosso. Ao termos esse gesto, estamos a ser cidadãos responsáveis e a dar um bom exemplo aos mais jovens, pois é assim que se criam bons e duradouros hábitos!
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