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Textos sobre Agricultura madeirense no Diário de Notícias da Madeira (1.ª série, quinzenal - de 9.9.2007 a 13.6.2010; 2.ª série, mensal, de 30.1.2011 a 29.1.2017; 3.ª série, mensal de 26.2.2017 a ...)
Este texto foi publicado no dia 28 de Julho de 2019, no Diário de Notícias.
Em finais de Junho, a Direcção Regional de Estatística da Madeira (DREM) disponibilizou a "Série Retrospectiva das Estatísticas da Agricultura e Pesca da Região Autónoma da Madeira (1976-2018)", na sua página de internet. Assim, actualizaram-se os dados sobre as áreas e produções das culturas mais importantes e a sua evolução ao longo de 43 anos. Ao compararmos 2017 e 2018, nos cultivos temporários, verificaram-se aumentos de produção de batata-doce, cebola e nabo. Na alface, semilha, cana-de-açúcar, feijão verde e tomate, constataram-se diminuições das quantidades produzidas, não se registando oscilações nos quantitativos de cenoura, inhame e milho para maçaroca. Quanto às culturas permanentes e atendendo aos dois anos em causa, as produções de anona, limão e pêro para sidra cresceram, sendo que as de abacate, banana e uva baixaram, com a de castanha a atingir um valor aproximado e as de cereja e maçã a igualar os números de 2017. As razões que poderão explicar o sobe-e-desce das produções agrícolas regionais estão relacionadas com as condições climáticas, a existência e o aparecimento de pragas e doenças (algumas de introdução recente), o preço pago ao produtor, a importação massiva de produtos homólogos (embora alguns até sejam de menor qualidade) a preços de venda mais baixos que os de origem regional, entre outros.
Nesta publicação anual da DREM podemos igualmente analisar informação relativa ao Modo de Produção Biológico (MPB) desde 2008. Em 2018, alcançaram-se 187,6 hectares (mais 21,7 por cento que a área total em 2017) e 139 agricultores (mais 7,8 por cento que em 2017). Contudo, para termos uma ideia do peso que o MPB representa no total de área agrícola (biológico e em protecção integrada), e com base nos valores mais recentes que se referem a 2016, a Região tinha 4.893,2 hectares, enquanto que a área de produção biológica naquele ano contribuía com 152,3 hectares (3,1 por cento). A tendência será aumentar já que há cada vez mais procura do consumidor por produtos agrícolas sem pesticidas de uso agrícola químicos, mas ainda haverá um certo caminho a percorrer. À luz do conhecimento agronómico presente, e para vários hortofrutícolas, o controlo eficaz de pragas e doenças, necessita de ser feito com recurso aos "remédios" como vulgarmente também são conhecidos, reduzindo os níveis de infestação de determinadas pragas como a mosca da fruta e as cochonilhas. Caso contrário, comprometem-se seriamente as quantidades pretendidas e o respectivo rendimento. No ano em que se realiza mais um Recenseamento Agrícola (RA) e cujas entrevistas presenciais acontecerão entre Outubro de 2019 e Maio de 2020, em todo o país, teremos na verdade outros números distintos daqueles que foram obtidos no RA de 2009. Porém, uma coisa é evidente, a preferência que todos nós como consumidores damos (ou deveríamos dar) aos produtos agrícolas de origem regional, influencia favoravelmente o desempenho das áreas e produções agrícolas, isto é, fomenta a sua manutenção ou mesmo a expansão.
Façamos o que deve ser feito e como acto responsável de cidadania, compremos o que é nosso, sempre!
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