Saltar para: Post [1], Pesquisa e Arquivos [2]
Textos sobre Agricultura madeirense no Diário de Notícias da Madeira (1.ª série, quinzenal - de 9.9.2007 a 13.6.2010; 2.ª série, mensal, de 30.1.2011 a 29.1.2017; 3.ª série, mensal de 26.2.2017 a ...)
Este texto foi publicado no dia 12 de Outubro de 2008, na revista "Mais" do Diário de Notícias. No ano em que o Funchal celebra os 500 anos como cidade, é importante falar sobre a urbe rural. À partida, parece uma expressão contraditória, porém, se se observar com atenção para o nosso magnífico anfiteatro, constata-se que em cada canto e recanto, existe ainda uma ruralidade. Essa ruralidade não deve ser vista como algo retrógrado, bem pelo contrário, é um dos elementos fundamentais da nossa singular paisagem e um autêntico cartaz turístico. Basta olhar para as casas e os jardins e, as fazendas, onde além das flores, se vislumbram hortas, bananeiras e pomares. É certo que a tendência destes terrenos agrícolas é desaparecerem, em detrimento da expansão citadina. A maioria das freguesias do concelho apresenta-se agricultada, com evidentes benefícios económicos, sociais e culturais para os funchalenses proprietários desses terrenos e não só. O prazer terapêutico de colher o que se plantou, o "mosaico" de verdes fantástico que proporciona ao residente e ao visitante vistas deslumbrantes e, atendendo ao declive, as cruciais infiltração e retenção das águas pluviais, são aspectos a ter em conta e que merecem uma reflexão de todos nós. Em Portugal, um dos principais defensores da agricultura urbana em geral e das hortas urbanas em particular, é Gonçalo Ribeiro Telles. Arquitecto Paisagista de 81 anos, natural de Lisboa, mas com raízes ribatejanas, outrora Secretário de Estado, Ministro, Vereador e Deputado, foi o autor da principal legislação ambiental do país. É Professor Catedrático Jubilado da Universidade de Évora e tem sido um incansável apoiante da agricultura no meio urbano, como parte integrante do novo conceito de cidade. Segundo este ilustre ambientalista, actualmente não faz sentido a existência de espaços urbanos e rurais separados. A interligação entre os dois é desejável, por forma que haja uma incorporação entre os sistemas edificado (edifícios e arruamentos) e natural (agricultura e floresta). A Câmara Municipal do Funchal atenta à relevância da agricultura no meio urbano, criou em 2005 no Jardim Público da Ajuda, freguesia de São Martinho, um conjunto de sete hortas que despertou grande procura por parte da população local. Além da variedade e excelente qualidade dos produtos agrícolas aí obtidos, estes lugares têm proporcionado um salutar convívio entre os utilizadores dos talhões. Posteriormente, a autarquia expandiu as hortas urbanas na Azinhaga da Nazaré, sítio pertencente à freguesia atrás mencionada, com mais de duas dúzias de pequenas explorações agrícolas, que contaram com uma grande adesão na fase de inscrições e são mais um caso de sucesso.
A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.