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Textos sobre Agricultura madeirense no Diário de Notícias da Madeira (1.ª série, quinzenal - de 9.9.2007 a 13.6.2010; 2.ª série, mensal, de 30.1.2011 a 29.1.2017; 3.ª série, mensal de 26.2.2017 a ...)
Este texto foi publicado no dia 16 de Maio de 2010, na revista "Mais" do Diário de Notícias. No ano em que se comemora o Ano Internacional da Biodiversidade, é oportuno divulgar o Germobanco Agrícola da Madeira criado pela Associação de Agricultores da Madeira em parceria com a Universidade da Madeira. Este projecto surge na sequência do Germobanco Agrícola da Macaronésia, que foi constituído por diversas entidades açorianas, canarianas e pelas congéneres madeirenses atrás mencionadas, que se orientaram pelos objectivos de realizarem a inventariação e caracterização de espécies autóctones, endémicas e adaptadas dos três Arquipélagos. Assim, um Germobanco Agrícola é um "local", onde se guardam as sementes e plantas de interesse agrícola. No decorrer dos tempos, graças ao saber-fazer do nosso Agricultor, foi possível seleccionar as sementes de diversas culturas agrícolas, que apesar de introduzidas, adaptaram-se às condições climáticas e de solo, adquirindo características diferentes das iniciais. Este aspecto associado às actividades de recuperação, conservação, caracterização e aperfeiçoamento no âmbito do Germobanco, reforçam sobremaneira a biodiversidade agrícola da Região. Actualmente, o Germobanco Agrícola da Madeira já fornece sementes de diversas variedades regionais de trigo a alguns agricultores dos concelhos de Santana e da Calheta (freguesias da Fajã da Ovelha e Ponta do Pargo), com o propósito da multiplicação, já que algumas delas estavam quase a desaparecer. Prevê-se que com a colheita, que se espera obter este ano, já seja possível produzir farinha de trigo regional e assim confeccionar o genuíno pão caseiro. A batata doce, a cebola, o feijão, a fava, a ervilha, o milho e as variedades regionais de pêros e maçãs, cereja, figo, entre outras fruteiras, são outras das culturas agrícolas que através de variedades seleccionadas pelo Germobanco, garantem um produto de qualidade superior ao que está a ser comercializado, podendo gerar melhor rendimento aos agricultores e proporcionar aromas e sabores inesquecíveis, para quem as saboreia. A gastronomia madeirense só será autêntica, se a mesma apostar na qualidade e frescura dos produtos agrícolas e derivados locais. Aliás, essa deve ser uma preocupação do sector hoteleiro e da restauração e de todos nós, como consumidores. Ao dar preferência pelo que é nosso, contribui para a manutenção e singularidade da nossa paisagem rural e para o pagamento ao Agricultor a preços justos, com efeitos multiplicadores na economia insular. Neste mundo globalizado e cada vez mais igual, é crucial que o destino turístico Madeira defenda a sua biodiversidade agrícola, consumindo verduras, frutas, flores e vinho de produção local. Ao fazê-lo, está a perpetuar uma parte significativa daquilo que a Região tem de mais precioso, a sua identidade cultural.
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