Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]




Este texto foi publicado no Diário de Notícias, no dia 29 de Setembro de 2024.

No mês em que o "Agricultando" celebra 17 anos de existência, trazemos a este espaço uma publicação de 2009 intitulada "Contributos para a História do Desenvolvimento da Agricultura e do Meio Rural na Região Autónoma da Madeira – Do Descobrimento até ao 25 de Abril de 1974" promovida pela Associação de Agricultores da Madeira e financiada com fundos comunitários através da Associação para o Desenvolvimento da Região Autónoma da Madeira (ADRAMA) e da Associação de Casas do Povo da Região Autónoma da Madeira (ACAPORAMA). Esta obra de 212 páginas contou com a coordenação do Dr. Alexandre Baptista, a autoria do Professor Doutor Alberto Vieira, da Dr.ª Lídia Góis, de Danilo Fernandes e do Dr. Alexandre Baptista e a colaboração do Engenheiro Agrónomo Rui Vieira, da Dr.ª Maria João Monte e do Dr. Luís Filipe Alves que foi o coordenador gráfico. Na "Introdução" pode ler-se que «[…] a análise das formas de estar e conviver e dos usos e costumes do povo madeirense no Meio Rural, é indissociável da análise da evolução do sistema de exploração agrícola, pecuária e florestal praticado no Arquipélago da Madeira, uma vez que todo o património tradicional das áreas rurais está, como é óbvio, intimamente relacionado com a actividade agrícola e com os seus ciclos de produção, bem como com a actividade pecuária e de exploração florestal», o que resume o propósito deste trabalho. Dividida em três partes, "Descobrimento do Arquipélago – Território: Características, Oportunidades e Desafios", "Ocupação do Território – O Papel da Exploração Mercantil das Culturas Agrícolas e Agro-industriais na História do Arquipélago da Madeira até ao 25 de Abril" e por fim "Agricultura e Meio Rural – O Papel das Actividades Agrícolas, Pecuárias e Florestais na Enformação do Meio Rural", é feita uma caracterização geral do Arquipélago, numa perspectiva rural.

contributos_historia_da_agricultura_desenv_rural_R
(Direitos Reservados)

A primeira parte do livro assinala o Arquipélago da Madeira nas vertentes física e ambiental como os navegadores portugueses o descobriram, no primeiro quartel do século XV, assim como as questões equacionadas aquando da ocupação e exploração do território, nomeadamente a construção dos poios [regionalismo madeirense para socalcos] e das levadas que possibilitassem a irrigação dos terrenos e consequente produção de alimentos. Na segunda parte, percorre-se os períodos dos séculos XV e XVI, do século XVII à primeira metade do século XIX, da segunda metade do século XIX ao primeiro quartel do século XX e do segundo quartel do século XX ao 25 de Abril de 1974, nos domínios do sistema político administrativo, da estrutura fundiária, da infraestruturação da exploração agrícola (dos quais se destacam os poios e as levadas), das culturas agrícolas mercantis (cereais, cana-de-açúcar, vinha, banana, e a partir da década de 50 do século XX, o desenvolvimento da horticultura, fruticultura e do comércio das flores), do povoamento, mobilidade e população (e igualmente da emigração a partir do século XIX), da estrutura social, dos cuidados de saúde e assistência social, dos conhecimentos e competências, bem como das assimetrias sócio-territoriais, entre outros. Na terceira e última parte dá-se primazia aos recursos hídricos e florestais, à épica conquista de terra arável por via da construção dos poios e das levadas que são parte integrante do Património Natural da Ilha da Madeira e que devem ser preservadas, à produção agrícola (trigo, centeio, cevada, milho, cana sacarina, vinha, bananeira), à criação pecuária (principalmente bovinos e suínos) e à exploração florestal (para corte de árvores e transformação em tábuas, utensílios e artefactos, lenha), à transformação das matérias primas em bens de consumo como por exemplo, a farinha, o açúcar e o mel de cana, o mosto, a carne de bovinos, suínos, ovinos e caprinos, os lacticínios, e o aproveitamento das madeiras para múltiplos fins, como já vimos. As maneiras de estar e subsistir patentes na habitação através da arquitectura popular, o mobiliário e os utensílios, a alimentação (gastronomia tradicional) com predominância para o trigo, o milho, a cevada, a semilha [regionalismo madeirense para batata], o inhame, as leguminosas (feijão, fava, ervilha e chícharo) e hortaliças (couve, abóbora, agrião, tomate, cebola), as especiarias, ervas aromáticas e outros condimentos (louro, segurelha, orégão, alecrim, salsa, alho, canela, cravo da Índia, erva doce, noz moscada e o perrixil), o consumo de peixe e de carne, o vestuário (traje e calçado tradicionais) e a utilização de matérias primas como o linho, a lã e o couro. As ‘formas de conviver, comunicar e comerciar’ são descritas com os seguintes exemplos: trocas directas, mercearias (ou como são conhecidas entre nós, vendas), o comércio de porta em porta, os arraiais, festas e romarias, o Carnaval, a Páscoa, o São Martinho e a Festa, os jogos e as brincadeiras, o folclore, o artesanato, o bordado, as obras em vime, a cestaria, os embutidos, a olaria, a confeitaria tradicional e as bebidas tradicionais. O contributo da Igreja e do Estado no meio rural desenvolvido pelas paróquias e pelas freguesias, respectivamente, e das casas do povo. A identidade socio-cultural madeirense influenciada por populações do norte do país e do Algarve, pela presença de escravos da "África negra", Marrocos e das Canárias, e por estrangeiros de vários países europeus, até ao processo de aculturação provocado pela emigração desde meados do século XIX e pelo êxodo rural para o Funchal essencialmente nos anos 80 e 90 do século passado. A necessidade de ter uma identidade socio-cultural activa, que acompanhe os tempos de agora sem esquecer os valores e comportamentos de outrora. No final do livro, sugerem-se algumas medidas que procuram recuperar, reintroduzir, reconverter, promover, diversificar, renovar e desenvolver acções de promoção que perpetuem a identidade socio-cultural madeirense.

É, sem dúvida, uma publicação que merece ser consultada, pois de uma forma sucinta descreve o que foi e o que poderá ser o desenvolvimento da agricultura e do meio rural do Arquipélago da Madeira!

Autoria e outros dados (tags, etc)

publicado às 14:30


E passaram-se 17 anos de Agricultando!

por Agricultando, em 09.09.24

A 9 de Setembro de 2007 surgia o "Agricultando", rubrica de opinião sobre Agricultura madeirense na então revista do Diário de Notícias da Madeira.

Captura de ecrã 2015-09-9, às 22.06.57.png

O "Pêro da Ponta do Pargo em festa" foi o primeiro artigo de um conjunto de 234 textos publicados até à presente data. São 71 textos da 1.ª série - 9.9.2007 a 13.6.2010, 72 textos da 2.ª série - 30.1.2011 a 29.1.2017 mais 91 textos da 3.ª série iniciada a 26.2.2017, e que se encontra em curso. A estes 234 escritos há que juntar mais dois artigos-resumo das 1.ª e 2.ª séries que foram publicados no Diário de Notícias da Madeira a 13.6.2010 e 29.1.2017, respectivamente.

Dada a efemeridade dos jornais, compilaram-se os 71 textos da 1.ª série em livro a 21 de Março de 2011 com a respectiva versão inglesa, a 16 de Dezembro de 2013, livros que ainda se encontram à venda e são procurados, quer pelos locais, quer pelos visitantes.

Passados 17 anos jamais pensaria estar ainda a escrever. O facto de sentir que o Agricultando é lido e acarinhado por muitos leitores do Diário de Notícias da Madeira, aqui no blogue e na página de facebook, dá-me alento para continuar, fazendo aquilo que mais gosto: escrever sobre o que de bom a Madeira e o Porto Santo tiveram ou têm, na agricultura e na gastronomia.

Muito grato a quem me lê!

Autoria e outros dados (tags, etc)

publicado às 12:05


Mais sobre mim

foto do autor


Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.

Pesquisar

  Pesquisar no Blog

Calendário

Setembro 2024

D S T Q Q S S
1234567
891011121314
15161718192021
22232425262728
2930


Posts mais comentados


Arquivo

  1. 2024
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  14. 2023
  15. J
  16. F
  17. M
  18. A
  19. M
  20. J
  21. J
  22. A
  23. S
  24. O
  25. N
  26. D
  27. 2022
  28. J
  29. F
  30. M
  31. A
  32. M
  33. J
  34. J
  35. A
  36. S
  37. O
  38. N
  39. D
  40. 2021
  41. J
  42. F
  43. M
  44. A
  45. M
  46. J
  47. J
  48. A
  49. S
  50. O
  51. N
  52. D
  53. 2020
  54. J
  55. F
  56. M
  57. A
  58. M
  59. J
  60. J
  61. A
  62. S
  63. O
  64. N
  65. D
  66. 2019
  67. J
  68. F
  69. M
  70. A
  71. M
  72. J
  73. J
  74. A
  75. S
  76. O
  77. N
  78. D
  79. 2018
  80. J
  81. F
  82. M
  83. A
  84. M
  85. J
  86. J
  87. A
  88. S
  89. O
  90. N
  91. D
  92. 2017
  93. J
  94. F
  95. M
  96. A
  97. M
  98. J
  99. J
  100. A
  101. S
  102. O
  103. N
  104. D
  105. 2016
  106. J
  107. F
  108. M
  109. A
  110. M
  111. J
  112. J
  113. A
  114. S
  115. O
  116. N
  117. D
  118. 2015
  119. J
  120. F
  121. M
  122. A
  123. M
  124. J
  125. J
  126. A
  127. S
  128. O
  129. N
  130. D
  131. 2014
  132. J
  133. F
  134. M
  135. A
  136. M
  137. J
  138. J
  139. A
  140. S
  141. O
  142. N
  143. D
  144. 2013
  145. J
  146. F
  147. M
  148. A
  149. M
  150. J
  151. J
  152. A
  153. S
  154. O
  155. N
  156. D
  157. 2012
  158. J
  159. F
  160. M
  161. A
  162. M
  163. J
  164. J
  165. A
  166. S
  167. O
  168. N
  169. D
  170. 2011
  171. J
  172. F
  173. M
  174. A
  175. M
  176. J
  177. J
  178. A
  179. S
  180. O
  181. N
  182. D
  183. 2010
  184. J
  185. F
  186. M
  187. A
  188. M
  189. J
  190. J
  191. A
  192. S
  193. O
  194. N
  195. D
  196. 2009
  197. J
  198. F
  199. M
  200. A
  201. M
  202. J
  203. J
  204. A
  205. S
  206. O
  207. N
  208. D
  209. 2008
  210. J
  211. F
  212. M
  213. A
  214. M
  215. J
  216. J
  217. A
  218. S
  219. O
  220. N
  221. D
  222. 2007
  223. J
  224. F
  225. M
  226. A
  227. M
  228. J
  229. J
  230. A
  231. S
  232. O
  233. N
  234. D