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Textos sobre Agricultura madeirense no Diário de Notícias da Madeira (1.ª série, quinzenal - de 9.9.2007 a 13.6.2010; 2.ª série, mensal, de 30.1.2011 a 29.1.2017; 3.ª série, mensal de 26.2.2017 a ...)
Este texto foi publicado no Diário de Notícias, no dia 30 de Junho de 2024.
Anualmente, a Direcção Regional de Estatística da Madeira (DREM) põe em dia os números do sector primário, tendo divulgado no dia 21 deste mês, no seu portal (https://estatistica.madeira.gov.pt/index.php), as "Estatísticas da Agricultura e Pesca da Região Autónoma da Madeira – 2023" e do qual fazemos um apontamento nesta página sobre os dados relativos à Agricultura madeirense. Segundo o Recenseamento Agrícola 2019 (RA 2019), a Região tinha 13.534 explorações agrícolas e uma Superfície Agrícola Utilizada (SAU) de 4.604,4 hectares. Por comparação desta informação com a registada no anterior Recenseamento de 2009 (RA 2009), verificou-se uma pequena diminuição de 0,6 por cento no número de explorações (menos 77 explorações que em 2009) e uma redução da SAU na ordem dos 15 por cento (menos 824 hectares que em 2009). Nas culturas temporárias, ou seja, os cultivos cujo ciclo produtivo não excede um ano, as anuais, e aquelas que são ressemeadas com intervalos que não vão além dos cinco anos, no RA 2019 apuraram-se 1.604 hectares em vez dos 2.173 hectares inscritos no RA 2009 (menos 26,2 por cento). A quebra da área de semilha [regionalismo para batata] em cultura extensiva (a que não está em rotação com as hortícolas) foi a causa mais importante para aquele decrescimento. No que se refere à cana-de-açúcar, passou-se de 114,9 hectares (em 2009) para 173,5 hectares (em 2019), portanto, mais 51 por cento. Nas culturas permanentes (frutos de climas temperado e subtropical, citrinos, vinha, entre outras), a área em 2019 era de 2.322,4 hectares, enquanto em 2009 era de 2.482,4 hectares (menos 6,4 por cento). Tal diminuição deveu-se à superfície da vinha de castas europeias e dos produtores directos (uva americana, "jaqué", "canim", entre outras), não obstante esta redução ter sido abrandada pelo aumento da área dos frutos subtropicais, com destaque para a banana.
(Direitos Reservados)
De acordo com os números estimados pela Direcção Regional de Agricultura e Desenvolvimento Rural para 2023, comprova-se que nas culturas temporárias, a semilha, a cana sacarina, a batata-doce e a couve repolho foram as quatro primeiras culturas com 560, 155, 434 e 106 hectares, e 16.639, 8.860, 8.382 e 3.369 toneladas, respectivamente. Se conferirmos com os dados de produção de 2022, a semilha, a cana-de-açúcar e a couve repolho tiveram decréscimos de 23,8 por cento (menos 5.210 toneladas), 11,8 por cento (menos 1.188 toneladas) e 7 por cento (menos 254 toneladas), respectivamente. No que diz respeito à batata-doce, esta cresceu 9,5 por cento (mais 729 toneladas). Nas culturas permanentes e em relação a 2023, a banana, a vinha (castas europeias e uva de mesa), a maçã regional e o limão, ocupavam 883, 399, 112 e 64 hectares, e atingiram 26.471, 4.065, 1.533 e 1.023 toneladas, respectivamente. Por confrontação com 2022, verificamos acréscimos nesta quadra de culturas na ordem dos 10,8 por cento (mais 2.579 toneladas de banana), 0,8 por cento (mais 33 toneladas de uva), 10,2 por cento (mais 142 toneladas de maçã regional) e 17,7 por cento (mais 154 toneladas de limão). As variações negativas ou positivas das áreas e das produções agrícolas têm ligação com factores internos e externos à Região. Os internos são a pequena dimensão das explorações agrícolas e a sua dispersão em várias parcelas, a competição pelos mesmos terrenos entre os sectores agrícola e imobiliário, a falta de mão-de-obra agrícola, a garantia de escoamento como acontece com a banana (e por isso tem vindo a aumentar nos últimos anos acima dos 10 por cento anuais), ao passo que os externos são por exemplo, as produções importadas a preços competitivos e a aquisição dos factores de produção (fertilizantes químicos, pesticidas de uso agrícola, entre outros) que têm subido nos anos mais recentes.
E o que podemos fazer como consumidores para contrariar as diminuições de área e produção que têm ocorrido em algumas hortícolas como a semilha? Ao darmos preferência pela compra dos hortofrutícolas locais e da época, que são mais frescos e de grande qualidade, ajudamos a manter e possivelmente a crescer, as áreas de cultivo agrícola e a fixar pessoas no meio rural com cada vez menos população.
Façamos parte da solução como consumidores conscientes!
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