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Textos sobre Agricultura madeirense no Diário de Notícias da Madeira (1.ª série, quinzenal - de 9.9.2007 a 13.6.2010; 2.ª série, mensal, de 30.1.2011 a 29.1.2017; 3.ª série, mensal de 26.2.2017 a ...)
Este texto foi publicado no Diário de Notícias, no dia 31 de Dezembro de 2023.
É do conhecimento comum que a principal actividade económica da Região, o Turismo, tem vindo a bater recordes no período após a pandemia, no que diz respeito ao número de turistas e a outros indicadores a estes associados. Esse aumento da actividade turística e consequente incremento de receitas cria condições e oportunidades de negócio noutras áreas económicas como a restauração, os transportes, o comércio em geral, entre outros. E que dizer da ligação entre a Agricultura e o Turismo? Será que o primeiro também poderá beneficiar do segundo neste cenário económico favorável? A resposta terá de ser afirmativa, pois se há mais pessoas na Madeira e no Porto Santo por via do turismo, deveria haver igualmente mais procura e consumo dos produtos agrícolas e pecuários regionais. Apesar de não dispor de dados concretos sobre a sinergia Agricultura-Turismo, é inequívoco que ambos só têm a ganhar "se caminharem juntos". Porém, sabemos que através das importações de hortofrutícolas, na maioria das vezes só para ter produtos a preços mais baixos, mas também de qualidade inferior aos que existem cá, compromete seriamente a manutenção ou até a expansão da Agricultura regional, e a médio prazo desmotivará aqueles que se querem dedicar à lavoura já de si difícil no seu quotidiano. Num tempo em que se fala tanto de sustentabilidade e o turista escolhe cada vez mais um destino em função desse aspecto, importa colocar na equação os ganhos económicos, sociais, ambientais (paisagístico e de redução das emissões de dióxido de carbono decorrentes do transporte dos produtos importados), quando se aposta primeiro na produção agrícola local.
Em termos alimentares, sabemos que o Arquipélago da Madeira será sempre dependente do exterior, mas o que aqui trazemos a esta página, é sensibilizá-lo, caro leitor, que unidos na mesma causa, podemos fazer a diferença, quer como consumidores finais, quer como empresários do sector da hotelaria e da restauração. Está ao nosso alcance um importante desígnio: sermos menos dependentes de hortofrutícolas que provêm de fora, dando preferência à aquisição dos produtos agrícolas, pecuários e seus derivados de origem regional. Pensemos nas vantagens que teríamos se houvesse mais área cultivada, mais emprego e fixação de pessoas no nosso meio rural, mais geração de riqueza aqui em vez de outras regiões longínquas, que é o que acontece com a importação de hortofrutícolas. Falemos então sem complexos de ambicionarmos ter mais autonomia alimentar que aquela que temos no presente, até porque num passado recente e nos dias de hoje sentimos o aumento generalizado dos preços dos alimentos. Vejamos os bons exemplos como por exemplo a produção de sidra e requeijão regionais, reconhecidos como Indicação Geográfica Protegida (IGP) e premiados a nível nacional e internacional. Como resolução de ano novo e dos anos que se seguem, que se recuperem outros cultivos que outrora foram importantes para a alimentação das nossas populações, como é o caso do chícharo (Madeira e Porto Santo) e da lentilha (Porto Santo), entre outros. A Agricultura madeirense é um sector que vai muito além do âmbito da sua actividade, pois presta um serviço de inestimável valor ao residente e ao visitante a nível paisagístico (veja-se a beleza ímpar dos poios agricultados), de ordenamento do território, de redução de risco de incêndios e até do bem-estar físico e mental de quem cultiva a terra.
E porque estamos no último dia de 2023, resta-me desejar a quem me lê, um feliz 2024 com muitas compras dos nossos bons produtos da terra ao longo do ano!
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