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Textos sobre Agricultura madeirense no Diário de Notícias da Madeira (1.ª série, quinzenal - de 9.9.2007 a 13.6.2010; 2.ª série, mensal, de 30.1.2011 a 29.1.2017; 3.ª série, mensal de 26.2.2017 a ...)
Este texto foi publicado no Diário de Notícias, no dia 29 de Janeiro de 2023.
Na agricultura, a cultura da bananeira assume uma posição de relevo na Região, com mais de 820 hectares distribuídos por 5.171 explorações agrícolas, de acordo com os dados do "Recenseamento Agrícola 2019 – Região Autónoma da Madeira" publicado em 2022 pela Direcção Regional de Estatística da Madeira, pertencentes a cerca de 2.800 produtores. Basta ver a costa sul da Madeira, nos locais mais soalheiros e de baixa altitude da beira-mar até aos 250 metros, para imaginarmos como seriam aqueles terrenos sem o verde permanente dos bananais. A importância socioeconómica desta cultura vai muito além do seu valor comercial, pois acrescenta um valor imensurável à paisagem madeirense, apreciada pelos que cá vivem e sobretudo pelos que nos visitam. Em termos institucionais, a Secretaria Regional de Agricultura e Desenvolvimento Rural através da Direcção Regional de Agricultura e Desenvolvimento Rural chegou a ter um departamento específico para este cultivo, a Divisão de Bananicultura, que prestava os serviços de assistência técnica aos produtores, produção e venda de bananeiras, experimentação e demonstração através dos seus campos de ensaio. Em Setembro de 2008, com a criação da Gesba – Empresa de Gestão do Sector da Banana, Lda., e no decorrer do tempo, surgiu a necessidade de estabelecer um espaço que abrangesse as áreas atrás mencionadas (assistência técnica, experimentação e investigação, produção e comercialização de bananeiras), a história da cultura e a formação. Nesse propósito, a 23 de Junho de 2022, é inaugurado o BAM – Centro da Banana da Madeira, no sítio do Lugar de Baixo, freguesia e concelho da Ponta do Sol, onde em tempos existiu o Centro de Bananicultura. Numa superfície de aproximadamente 15.000 metros quadrados, este Centro é constituído por um edifício principal com o Núcleo Museológico e os departamentos de Investigação e da Qualidade e de Apoio ao Produtor e Formação, campos de cultivo, viveiro, um recinto de despenca e refrigeração da banana e um sistema de transporte de cachos de banana por cabo aéreo.
O Núcleo Museológico é dotado de tecnologia interactiva que mostra a história da banana na Madeira e do próprio Arquipélago, bem como a origem desta cultura. A completar a visita no museu, podemos observar plantações de bananeiras com 17 variedades, estufas, sistemas de rega localizada, e de outras árvores de fruto de clima subtropical. Aspectos como uma bananeira com o cacho limpo, isto é, sem flores, por comparação com outro que ainda não foi limpo, uma outra com um cacho em condições de ser colhido, a rega tradicional por alagamento ou "à manta" como também é conhecida entre nós, são mostrados ao visitante residente e turista, que muitas vezes só conhece o produto das prateleiras do supermercado. Em curso estão diversos estudos como a utilização de vários sensores de pH, temperatura, nutrientes, humidade do ar e do solo, para melhor entendimento da influência dos factores de clima e de solo na duração do ciclo produtivo, o já referido transporte de cachos de banana por cabo aéreo, por forma a reduzir o manuseamento após a apanha e um estudo de adaptação de uma variedade de bananeira às condições da Ilha. O BAM dispõe igualmente de uma zona de lazer composta por um bar, onde é possível apreciar a cerveja "WeissBAM" (uma "Weissbier" produzida em conjunto com a Empresa de Cervejas da Madeira), a Aguardente de Banana da destilaria ponta-solense Vinha Alta, os Chocolates de Banana da UAUCacau, bolo ou tarte de banana, entre outras iguarias, e um ponto de venda com lembranças alusivas ao Centro da Banana da Madeira e ao fruto. Com sete meses de funcionamento e segundo informações avançadas pelo Responsável do BAM, Dr. Bruno Silveira, este Centro recebeu cerca de 5.000 visitas repartidas por portugueses (residentes e nacionais) e estrangeiros (de mais de 40 nacionalidades), sendo uma referência cultural e um ponto de atracção turística que promove a banana e a Madeira.
O BAM pode ser visitado de terça a domingo das 9h00 às 18h00, estando encerrado à segunda-feira. As entradas são gratuitas para menores de seis anos, com um custo entre os seis e os 14 anos, de 4 euros, para os séniores com mais de 65 anos, 6 euros e os restantes, 8 euros.
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