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Notas soltas sobre o Porto Santo rural

por Agricultando, em 31.07.22

Este texto foi publicado no Diário de Notícias, no dia 31 de Julho de 2022.

Em Julho, o corpo e a mente já pedem férias de Verão. Por isso, como qualquer veraneante, rumei para a Ilha ao lado para uns retemperadores dias de descanso, na segunda quinzena deste mês. Por coincidência ou talvez não, surgiram boas notícias sobre o Porto Santo que foram divulgadas nas páginas deste matutino e nas redes sociais. A primeira, que foi publicada no Diário de Notícias da Madeira do passado dia 21, a propósito de um conjunto de iniciativas levadas a cabo pela Câmara Municipal do Porto Santo, é digna de uma leitura mais atenta. Aproveitando uma escola que se encontra desactivada no sítio do Farrobo, prevê-se ali a instalação de um centro interpretativo do património rural porto-santense, onde será elaborada uma Rota do Pão cujo início acontecerá no mini-museu a instalar num dos moinhos do Miradouro das Lombas. Quer um quer outro espaço, serão alvo de intervenção para inverter a degradação decorrente do fecho dessas instalações e o efeito multiplicador que terá aos níveis social, económico, cultural e agrícola, naquela Ilha, será muito desafiante e compensador. Na mesma ocasião, outra obra que foi anunciada pelo Município, está relacionada com a recuperação do Miradouro da Portela, nomeadamente na reparação dos degraus, na reposição dos varandins de protecção e no rearranjo dos jardins, assim como de outros equipamentos complementares. Noutro âmbito, o projecto "Life Dunas", com a Direcção Regional de Agricultura e Desenvolvimento Rural em estreita colaboração com o Gabinete da Administração Pública da Ilha do Porto Santo, deu conta na página de Facebook "Life Dunas" do arranque dos trabalhos de construção dos muros de croché na zona de intervenção daquela iniciativa, no sítio da Ponta, com o propósito de abrigar as vinhas plantadas há relativamente pouco tempo. Esta acção visa sensibilizar os agricultores em particular e a comunidade local no geral, para que se mantenha viva a técnica tradicional de construção dos muros de croché ou muros de renda, como também são designados, que caracterizam a paisagem rural da Ilha Dourada. Assim, efectuou-se a limpeza e retirada de plantas lenhosas e pedras do alinhamento dos muros a construir. Desse modo, foram dispostas manualmente pedras grandes, sólidas e planas, da mesma largura, quando possível, ao longo da vala, na fundação, para que possa suportar toda estrutura do muro. Um trabalho meritório que já é reconhecido nos dias de hoje e continuará a sê-lo no futuro. Por isso, felicito a Equipa do "Life Dunas" pelo trabalho já encetado nesta vertente e noutras vertentes. Os registos fotográficos da Colega Guida Gomes e descritivos para memória futura publicados na rede social, são essenciais para os vindouros melhor compreenderem a sua identidade cultural.

É sabido que o Porto Santo é procurado nos meses de estio pelo seu extenso e dourado areal e pelas águas marítimas cristalinas pintadas de muitos tons azulados e esverdeados que nos deliciam os nossos sentidos. Porém, a Ilha ao lado tem muito mais para ver e sentir. Ao longo dos anos, fui descobrindo a restauração local e ainda encontro lugares que apetece repetir, quase sempre por sugestão de amigos ou uma ou outra vez, por iniciativa própria. Há de tudo um pouco, para os vários bolsos. O peixe fresco grelhado, os pratos de carne onde se inclui a universal espetada, o bolo do caco com manteiga e alho, que é diferente do bolo do caco da Madeira, por neste último acrescentar-se a batata-doce, as saladas com alface, tomate, cebola de produção local e as sobremesas com frutos como o maracujá e a uva Caracol que já pode ser comprada por estes dias nos pontos de venda, prolongam no tempo aquela saudade das férias passadas no Porto Santo. Mais recentemente, há coisa de um a dois anos, descobri a Capela (ou Capela de São João) que, de acordo com o "Dicionário de Falares do Arquipélago da Madeira" de J. M. Soares de Barcelos, editado em 2016 pelo Serviço de Publicações da Direcção Regional da Cultura, da então Secretaria Regional de Economia, Turismo e Cultura, é um «bolo tradicionalmente feito no Porto Santo pelo S. João, a festividade mais importante da Ilha, com sabor semelhante ao dos folares da Páscoa: ‘No mês de Junho, pela festa de S. João Baptista, têm a sua época própria as Capelas de gosto semelhante ao dos folares de Portugal e ao das rosquilhas de S. Vicente. São circulares e formados de dois bolos de diferente diâmetro, medindo o maior uns 22 cm, sobrepostos, denteados à tesoura nas bordas’». As Capelas podem ser compradas no centro da Vila Baleira ou noutros lugares, como por exemplo "O Emigrante – Snack Bar e Minimercado", no sítio do Campo de Cima. Neste estabelecimento há dois tipos de Capelas, uma mais tradicional e alta, e a outra, mais achatada e com o miolo mais fofo que a outra Capela, amassadas por duas senhoras. Se estiver interessado em adquirir as Capelas, sugiro que passe por lá para a necessária encomenda e se informe dos dias de venda. Na minha estada tive oportunidade de provar as duas e recomendo-as vivamente. Para eleger a favorita, tudo terá a ver com o seu paladar e se gosta do miolo mais suave ou não.

E hoje, porque o mês de Julho chega ao fim, dedico este "Agricultando" ao meu filho, Joaquim, pelo seu 7.º aniversário que celebra neste dia, junto da família e dos seus amigos! Parabéns, filho, que tenhas um dia muito feliz e que aprecies este texto sobre a Ilha da tua predilecção! Que Deus te abençoe hoje e sempre!

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