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Um ano dedicado às frutas e legumes

por Agricultando, em 31.01.21

Este texto foi publicado no Diário de Notícias, no dia 31 de Janeiro de 2021.

A Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) declarou 2021 como Ano Internacional das Frutas e Legumes (AIFL). Cabe à Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) em colaboração com outras entidades como a Organização Mundial de Saúde, sensibilizar a opinião pública para o papel que estes produtos agrícolas representam para a nutrição humana, a segurança alimentar e a saúde, bem como na concretização dos 17 Objectivos de Desenvolvimento Sustentável. Os objectivos do AIFL passam pela consciencialização crescente das vantagens do consumo de hortofrutícolas na alimentação e na saúde, na promoção de dietas diversificadas, equilibradas e saudáveis, na redução das perdas e desperdícios nos sistemas alimentares de frutas e verduras, e na partilha das boas práticas. As frutas e legumes são boas fontes de fibras, vitaminas e sais minerais e contém fitoquímicos benéficos, podendo contribuir para a diminuição da obesidade, hipertensão arterial e os níveis altos de colesterol no sangue. Estima-se que uma quantidade mínima diária de 400 gramas de hortofrutícolas ou cinco porções faz bem à nossa saúde, sendo recomendada a sua introdução na alimentação a partir dos seis meses de idade e ao longo da vida. Porém, mais de 50 por cento das produções agrícolas obtidas em países em desenvolvimento é perdida na cadeia de abastecimento entre a colheita e o consumo, representando uma perda progressiva de recursos escassos como o solo e a água. Existem ainda quantidades significativas de frutas e legumes que, apesar de edíveis, são desperdiçadas ao longo do sistema alimentar por motivos estéticos ou pelo seu formato irregular. A rastreabilidade e as inovações digitais permitem seguir e localizar as produções da exploração ao consumidor final, o que alarga as oportunidades comerciais, reduz perdas e desperdícios e torna a cadeia de valor mais transparente. A grande diversidade de hortofrutícolas oferece opções que são adaptáveis aos diferentes sistemas de produção e mercados. Por outro lado, quando comparadas com outras culturas, as frutas e legumes de maior valor comercial podem ser rentáveis sob o ponto de vista de áreas de cultivo mais pequenas e de menos exigência em água e nutrientes. Mais recentemente, a pandemia da covid-19 demonstrou que as cadeias curtas de distribuição e comercialização possibilitam ocasiões favoráveis de negócio para os agricultores familiares das zonas urbanas e periurbanas.

Blackfin_Logo_IYFV2021_H_Col_PT.jpg(Direitos Reservados)

O Ano Internacional das Frutas e Legumes integra-se na Década de Acção da ONU sobre a Nutrição (2016-2025) e na Década da Agricultura Familiar da ONU (2019-2028), podendo mesmo ser um trampolim para a concretização dos Objectivos de Desenvolvimento Sustentável até 2030. Importa clarificar que os frutos e legumes considerados neste AIFL são as partes comestíveis da planta como flores, rebentos, folhas, caules e raízes, cultivados ou espontâneos, consumidos em fresco ou minimamente transformados, isto é, lavados, seleccionados, aparados, descascados, fatiados, embalados, em saladas, congelados e desidratados. A semilha [regionalismo para batata], batata doce, inhame, noz, coco, sementes de girassol, chá, café, cacau, produtos processados ou ultra-processados que tenham frutos ou verduras como matéria prima como o vinho ou as bebidas espirituosas, sumos embalados, "ketchup", leguminosas secas, cereais, milho, a não ser que tenham sido colhidas imaturas, plantas medicinais e aromáticas, especiarias, a menos que sejam utilizadas como legumes, estão excluídos daquela definição. Felizmente, no que diz respeito à Região, temos uma variedade de hortofrutícolas de grande qualidade que, no decorrer do ano, estão disponíveis para o consumo local, quer em casa, quer na hotelaria e restauração.

Aproveitemos estes tempos incertos ocasionados pela pandemia para mudarmos de comportamentos alimentares, dando sempre preferência pela aquisição de produtos agrícolas que são de cá, não só por serem mais próximos e por isso mais frescos, mas sobretudo porque estamos a ajudar a economia regional e a fixar populações no meio rural.

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