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Textos sobre Agricultura madeirense no Diário de Notícias da Madeira (1.ª série, quinzenal - de 9.9.2007 a 13.6.2010; 2.ª série, mensal, de 30.1.2011 a 29.1.2017; 3.ª série, mensal de 26.2.2017 a ...)
Este texto foi publicado no Diário de Notícias, no dia 29 de Novembro de 2020.
No pretérito dia 24, o Mercado dos Lavradores alcançou os 80 anos e o Município do Funchal assinalou esta efeméride com um conjunto de actividades, das quais aqui se destaca uma exposição fotográfica, que estará patente no primeiro piso até 31 de Dezembro. Nessa exposição podemos apreciar fotografias do Museu de Fotografia da Madeira – Atelier Vicente’s cedidas pela Direcção Regional de Arquivo e Biblioteca da Madeira da Secretaria Regional do Turismo e Cultura e por Floriano Sousa, comerciante naquele Mercado, que retratam o dia da inauguração, 24 de Novembro de 1940, assim como o quotidiano daquele espaço emblemático, no período compreendido entre 1940 e 1968. A venda de frutas, verduras e flores, de peixe e de carne, desde logo atraíram milhares de madeirenses e forasteiros, ora para abastecerem-se de víveres, ora para sentir o pulsar do dia-a-dia citadino. Logo no início vêem-se fotografias do local onde foi instalado o Mercado, antes da sua construção, havendo até alguma dificuldade em reconhecer aqueles edifícios que entretanto foram demolidos. Como uma das curiosidades da mostra, e atestando a dinâmica que o Mercado dos Lavradores chegou a ter, não só a nível comercial, mas igualmente nos campos social e cultural, dá-se conta da existência de um Clube Desportivo do Mercado, como se pode ver num par de fotografias de 1950 da colecção particular de Floriano Sousa, que juntamente com a sua esposa, Arlinda Sousa, foram justamente homenageados pela Câmara Municipal por serem dois dos lojistas mais antigos do Mercado.
(Direitos Reservados)
Cabe nesta ocasião lembrar que em 1938, o Arquitecto Edmundo Tavares (1892-1983), também autor da Agência do Banco de Portugal no Funchal e do Liceu Jaime Moniz construídos na mesma época, projectou o Mercado dos Lavradores, dotando-o de amplidão e com luz natural em todos os pisos, sendo considerado uma referência do estilo modernista. Edificado propositadamente no ano em que se celebrava os então 800 anos da Fundação (1140) e os 3 séculos da Restauração da Independência de Portugal (1640), o Mercado era inaugurado pelo Governador do Distrito Autónomo do Funchal, Dr. Branco Camacho, e pelo Presidente da Câmara Municipal do Funchal, Dr. Fernão de Ornelas na presença do Presidente da Junta Geral do Distrito Autónomo, Dr. João Abel de Freitas e demais entidades civis, militares e religiosas. Com uma área coberta de 9.600 metros quadrados, o Mercado dos Lavradores foi e ainda é um dos lugares obrigatórios de visita, embora tenha perdido clientes nas últimas décadas, como consequência da oferta de supermercados e hipermercados no Funchal e noutros concelhos. Contudo, ir ao Mercado é ter a certeza que terá um atendimento personalizado e de grande qualidade, seja na aquisição dos produtos agrícolas, do peixe ou da carne. Ao fazê-lo está a ajudar a economia regional, em particular o sector primário, pois uma parte substancial do que ali se vende, ainda é de cá. Tenhamos consciência que muitos agricultores dependem daquele ponto, e que além de fornecerem as produções agrícolas locais, preservam a tão estimada paisagem agrícola madeirense. Sem o nosso apoio, isto é, sem as nossas compras, mais tarde ou mais cedo desistirão da actividade, deixando-nos a todos irremediavelmente mais pobres.
Agora, que a Festa [regionalismo para a palavra Natal] se aproxima, visite e desfrute do que o Mercado dos Lavradores tem para oferecer-lhe!
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