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Sem água, nada feito!

por Agricultando, em 31.05.20

Este texto foi publicado no Diário de Notícias, no dia 31 de Maio de 2020.

Nos últimos dias, a temperatura aumentou e a humidade relativa do ar diminuiu de tal modo que parecia que o Verão tinha chegado mais cedo. Tudo indica que nos próximos dias teremos temperaturas mais amenas e humidades mais consentâneas para esta época do ano. Todavia, no que diz respeito à chuva e não obstante os meses de Março e Abril terem sido relativamente generosos, os meses anteriores não o foram, comprometendo a reposição das reservas de água. Para a Agricultura madeirense, a escassez de água é uma séria ameaça ao sucesso da obtenção de boas colheitas que, por sua vez, irão originar o tão desejado rendimento de muitas famílias. No decorrer desta semana, a comunicação social destacou o dispêndio excessivo de água por parte dos consumidores que, por estarem confinados nas suas casas devido à Covid-19, gastaram aquele recurso indispensável mais do que o habitual. A Águas e Resíduos da Madeira (ARM) através do seu Presidente, Engenheiro Amílcar Gonçalves, fez um atempado apelo à população para que moderasse o consumo de água, pois ainda faltam alguns meses até chegarmos ao pico do Verão (Julho e Agosto) e há que ser criterioso a fim de que tudo corra pelo melhor, ou seja, que ao abrirmos a torneira lá de casa, continue a verter o precioso líquido. Mas, e a Agricultura? Quando se pensa em poupar água, o raciocínio remete-nos apenas para o uso doméstico, esquecendo-nos ou desconhecendo que, por vezes, para que não falte água no lar, o sector agrícola é preterido por imperativos legais e por uma lógica de estabelecimento de prioridades. Ora, sabendo-se que nos últimos anos já não chove tanto como antes e o consumo continua a aumentar, há que evitar gastos supérfluos a fim de que a água continue a chegar às casas e aos terrenos agrícolas.

A ARM tem vindo a recuperar canais de rega e construído reservatórios um pouco por toda a Madeira, no sentido de aumentar o caudal de água para o regadio agrícola. Os Agricultores que se candidatam a projectos de investimento agrícola de grande ou pequena dimensão também têm dado o seu contributo, no sentido de substituir a tradicional e perdulária rega por alagamento (ou ‘à manta’ como é também conhecida entre nós) por sistemas de rega localizada como o de micro-aspersão ou gota-a-gota. Essa mudança de sistema de rega possibilita uma utilização mais eficaz da água, com menos perdas. Por outras palavras, com a mesma quantidade de água consegue regar-se mais vezes do que anteriormente. Ainda assim, com as alterações climáticas já perceptíveis no nosso quotidiano (anos mais quentes e secos) há que recuperar tempo à escala regional, com o intuito de voltarmos a apostar por exemplo, no regadio agrícola sob pressão, que consiste grosso modo em transportar a água de rega em tubo da sua origem até ao terreno do Agricultor, com poucas ou nenhumas perdas. Ao contrário do que sucede no presente com as levadas, que mesmo em bom estado de conservação, apresentam perdas. Este tipo de regadio canalizado que chegou a ser apontado na Região como uma solução para que houvesse sempre água nas explorações agrícolas, foi planeado pelo Governo Regional em meados da primeira década deste século, mas infelizmente, não saiu do papel. Desconhecem-se as razões porque é que não vingou, mas certamente seria uma ocasião para passar das palavras aos actos, implementando-o em termos agrícolas, primeiro num conconcelho pequeno a fim de que se pudesse depois avançar com passos seguros em concelhos maiores.

Se queremos uma Ilha aprazível para o visitante, mas igualmente para o residente, há que ter consciência que a Agricultura desempenha um papel crucial no abastecimento de hortofrutícolas frescos e de grande qualidade, no ordenamento do território, diminuindo o risco de incêndios e de pragas como o rato por oposição ao que acontece nos terrenos baldios, e ainda na singular paisagem agrícola feita de poios com gente dentro, que complementa o nosso mar e a Laurissilva! Porém, sem água, nada feito!

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publicado às 16:33


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