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Textos sobre Agricultura madeirense no Diário de Notícias da Madeira (1.ª série, quinzenal - de 9.9.2007 a 13.6.2010; 2.ª série, mensal, de 30.1.2011 a 29.1.2017; 3.ª série, mensal de 26.2.2017 a ...)
Este texto foi publicado no Diário de Notícias, no dia 26 de Janeiro de 2020.
Em Dezembro de 2018, a Assembleia Geral das Nações Unidas declarou 2020 como o Ano Internacional da Fitossanidade (AIF), tendo mandatado para a sua implementação a Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO) em colaboração com o Secretariado do International Plant Protection Convention (IPPC). Com a divisa "Proteger as Plantas, Proteger a Vida", este ano é uma oportunidade única para sensibilizar a opinião pública à escala mundial, que a fitossanidade pode ajudar a reduzir a fome e a pobreza, a proteger o meio ambiente e a impulsionar o desenvolvimento económico. Como é sabido, as plantas, além de fornecerem oxigénio e a maioria dos alimentos que precisamos para a nossa subsistência, na maioria das vezes, não lhes damos a devida atenção no que diz respeito à sua sanidade, o que leva a resultados devastadores. A FAO estima que anualmente até 40 por cento das culturas alimentares se perdem pelo ataque de pragas e doenças, deixando milhões de pessoas sem comida suficiente e com graves prejuízos na actividade agrícola, a principal fonte de rendimento das comunidades rurais pobres. No presente, a fitossanidade está sob ameaça crescente como consequência das alterações climáticas e das actividades humanas, que alteraram os ecossistemas, reduzindo a biodiversidade e criando nichos onde as pragas podem desenvolver-se. Na última década, a circulação de pessoas e mercadorias no mundo triplicou, proliferando pragas e doenças em toda a parte, e originando grandes perdas às plantas autóctones e ao meio ambiente. À semelhança da saúde humana, a protecção das plantas de pragas e doenças é de longe economicamente mais rentável do que lidar com situações de emergência. Muitas vezes, as pragas e doenças das plantas ao estabelecerem-se, são impossíveis de erradicar e o seu controlo é moroso e dispendioso. A prevenção é crucial para evitar o impacto arrasador das pragas e doenças na agricultura, nos meios de subsistência e na segurança alimentar.
O plano de acções do AIF passa por mobilizar governos, indústrias, organizações civis, cientistas e os cidadãos, para que se trabalhe em conjunto no sentido de proteger as plantas da disseminação de pragas destruidoras, encoraje a inovação científica dirigida a ameaças de novas pragas, promova práticas responsáveis que reduzam o seu alastramento e aumente o apoio dos sectores público e privado para estratégias e serviços com vista a uma maior fitossanidade sustentável. As políticas e actividades que fomentam a sanidade vegetal são fundamentais para que se atinjam os Objectivos do Desenvolvimento Sustentável defendidos pelas Nações Unidas, em particular, e como foi atrás mencionado, aqueles que apontam para a eliminação da fome e da má nutrição, para a redução da pobreza e as ameaças ao meio ambiente. Quando se viaja há que ter cuidados no transporte de plantas ou seus derivados que devem cumprir com os requisitos fitossanitários, seguindo o mesmo comportamento quando se encomenda plantas ou seus derivados pela internet ou através de serviços postais, que facilmente contornam os habituais controlos fitossanitários. Para que o comércio de plantas seja seguro, é essencial que se ponham em prática os padrões e normas de sanidade vegetal preconizados pelo IPPC e pela FAO. Este procedimento reduz o impacto negativo das pragas e dos pesticidas de uso agrícola na saúde humana, na economia e no meio ambiente, tornando-se assim mais fácil prevenir e controlar a disseminação de pragas e doenças sem haver necessidade de criar barreiras ao comércio. No combate às pragas e doenças, os agricultores e os decisores políticos devem adoptar e encorajar, respectivamente, o uso de métodos "amigos do ambiente" como a protecção integrada. Os governos, os legisladores e os governantes deviam fortalecer os organismos de protecção de plantas e outras instituições relevantes, e proporcionar-lhes recursos humanos e financeiros apropriados, assim como apostar num maior investimento na investigação e em práticas e tecnologias inovadoras. Os governantes e os governos devem garantir que as suas decisões se baseiam em dados concretos. A monitorização regular das plantas e a informação atempada através de avisos agrícolas sobre ameaças emergentes ajudam os governos, os funcionários dos serviços e os produtores a tomar medidas preventivas e adaptativas para que as plantas se mantenham sãs.
Assim, importa prevenir as pragas e doenças das plantas e enfrentá-las numa perspectiva "amiga do ambiente" como a já referida protecção integrada. Esta abordagem ao ecossistema combina as diferentes estratégias e práticas para desenvolver culturas agrícolas sadias enquanto se minimiza o uso de pesticidas. Ao evitarmos as substâncias tóxicas quando lidamos com as pragas, não só protegemos o meio ambiente, como também os insectos polinizadores, os inimigos naturais das pragas, os organismos benéficos e as pessoas e animais que dependem das plantas.
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