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Ideias para dar uma nova vida aos poios

por Agricultando, em 24.02.19

Este texto foi publicado no dia 24 de Fevereiro de 2019, no Diário de Notícias.

No contexto do IV Congresso Mundial da ITLA ("Internacional Terraced Landscapes Alliance") que acontecerá em meados de Março nas Canárias e na Madeira, realizou-se uma conferência no dia 15 de Fevereiro sobre os "Territórios em Socalcos", no auditório da Biblioteca Municipal de Câmara de Lobos. Numa organização conjunta da Associação Insular de Geografia e da Delegação da Madeira da Ordem dos Arquitectos convidaram o Presidente da ITLA, Dr. Timmi Tillman e a Dr.ª Maruja Salas daquela organização, com o propósito de sensibilizar os participantes desta iniciativa para as singularidades, desafios e potencialidades dos territórios em socalcos que existem um pouco por todo o mundo, e que tal como se verifica na Região, têm um papel relevante na construção da paisagem e nos vários sectores socioeconómicos locais. Os poios, regionalismo madeirense para socalcos, foram erigidos ao longo do tempo pelos nossos antepassados para que houvesse terra para cultivar e dali tirar o sustento, e para nela habitar. A interacção homem-natureza proporcionou o uso de recursos como a pedra, a água, o solo, as sementes e as plantas de interesse agrícola que neles encerram o "engenho e arte" de uma população e de um território. Nas apresentações, os oradores destacaram a necessidade premente de trabalhar e reflectir sobre o abandono dos poios e áreas circundantes, bem assim de analisar projectos e exemplos de boas práticas que possam dar uma nova vida, novos usos e novos habitantes àqueles espaços. O IV Congresso Mundial da ITLA cujo lema é "Re-encantar Bancales", título em espanhol que se poderá traduzir por "(Re)encantar os Socalcos", dedicará uma especial atenção às Ilhas da Macaronésia (Açores, Madeira, Canárias e Cabo Verde), constituindo desse modo uma excelente oportunidade para pensar sobre um conjunto de reptos para os quais carecem de resposta urgente.

A redução do abandono da terra em áreas rurais marginais com garantia da qualidade de vida da população, a reactivação de produções agrícolas em terrenos abandonados e o respectivo fomento de reintrodução no mercado, a identificação de novos hábitos para as terras desprezadas atendendo à procura da sociedade para a saúde e o bem-estar, o envolvimento de outros sectores de produção como o turismo, a construção, os serviços e o comércio com vista à determinação de políticas territoriais comuns, o desenvolvimento de sinergias entre o público e o privado para a gestão de áreas marginais deixadas ao desleixo, são questões essenciais para que se mantenham os poios. Por outro lado, a melhoria de programas e acções de protecção contra riscos naturais como os deslizamentos de terras, inundações e incêndios, o estabelecimento de uma estrutura de entendimento entre as diferentes partes interessadas e o aumento de propostas conjuntas que permitam (re)encantar e valorizar os socalcos, e a tomada de consciência da sua relevância baseada nos princípios resultantes da Convenção Europeia da Paisagem deverão ser equacionados. O incremento de medidas na paisagem assentes na memória dos seus produtores e construtores, a adaptação de métodos e técnicas às condicionantes locais específicas, a geração de conclusões e propostas para a manutenção, conservação e valorização das paisagens em socalcos e a concepção de uma plataforma inter-administrativa capaz de instituir uma estratégia apropriada para esse fim, são outros aspectos que terão de ser considerados.

A finalizar, no debate acerca da "Paisagem em socalcos da Região Autónoma da Madeira. Diálogo de perspectivas" constatou-se que uma parte substancial daqueles desafios deixados pelos oradores convidados, foram igualmente apontados pelos 60 participantes, o que revela um consenso sobre tão importante matéria, a preservação dos poios.

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publicado às 16:41


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