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Este texto foi publicado no dia 30 de Setembro de 2018, no Diário de Notícias.

No dia 17 deste mês foi criado o Observatório da Paisagem da Madeira (OPM) no âmbito de um protocolo celebrado entre a Secretaria Regional do Ambiente e dos Recursos Naturais, Secretaria Regional do Turismo e Cultura, a Universidade da Madeira, a Associação Insular de Geografia e a Ordem dos Arquitectos, tendo a cerimónia tido lugar no Jardim Botânico da Madeira – Engenheiro Rui Vieira. Recuando um pouco no tempo, é bom recordar que o OPM surge na sequência da Cimeira Insular Açores/Madeira realizada no Arquipélago irmão, em finais de Janeiro, início de Fevereiro de 2016, e do qual aludi no "Agricultando" de 28 de Fevereiro daquele ano. Mais tarde, voltaria a este assunto, no "Agricultando" de 27 de Novembro de 2016, baseado numa notícia que tinha sido publicada neste Diário no início de Outubro do mesmo ano, a dar conta que o OPM seria uma realidade no final daquele ano, atendendo à relevância que este tem para uma análise detalhada da paisagem cultural e da sua conservação. Naquele apontamento, avançava-se que o Observatório da Paisagem da Madeira seria um órgão consultivo que procuraria informar os responsáveis políticos das melhores decisões para as paisagens do Arquipélago da Madeira, que são determinantes para a principal actividade económica da Região, o Turismo. Constatava-se ainda que, apesar da transformação substancial da paisagem ocorrida principalmente nos últimos 30 anos, quer a nível público através dos acessos rodoviários e de infra-estruturas, quer a nível particular nas áreas da habitação e da hotelaria, havia que pensar muito bem acerca do que é que se pretendia que a paisagem madeirense viesse a ser nos tempos vindouros. Convém sublinhar que a Secretária Regional do Ambiente e dos Recursos Naturais, Professora Doutora Susana Prada, aquando da formalização do OPM afirmou que os seus objectivos passarão em primeiro lugar por «caracterizar a nossa paisagem, quer a natural, que é fruto da sua origem vulcânica há vários milhões de anos, quer a cultural, fruto de seis séculos da nossa permanência nas ilhas, e que se traduz, por exemplo, nas nossas levadas, nos poios, nos caminhos reais, nos palheiros, etc.»; «em segundo lugar, protegê-la e valorizá-la»; «e, por fim, sensibilizar toda a comunidade para a importância e para a preservação das características únicas da paisagem do Arquipélago da Madeira».

Ora, é sobre a paisagem cultural, em especial a agrícola, que sou de opinião que a Secretaria Regional de Agricultura e Pescas, nomeadamente a Direcção Regional de Agricultura (DRA), a Região da Madeira da Ordem dos Engenheiros representada pelos Colégios Regionais Agronómica e Civil (essencial para a descrição da parte edificada), assim como as Associações de Agricultores e de Jovens Agricultores, deviam fazer parte das entidades fundadoras do OPM, como aliás já tinha defendido no "Agricultando" de 27 de Novembro de 2016. Quem melhor que os Técnicos da DRA, os Engenheiros Agrónomos e as associações que defendem os interesses dos agricultores para caracterizar a paisagem cultural relativa à Agricultura e tudo o que diga respeito a esta nobre actividade. O seu conhecimento sobre o riquíssimo património genético dos cultivos agrícolas de clima tropical, subtropical e temperado, bem como do património edificado como as levadas, os poios e os palheiros seria inquestionavelmente proveitoso para os propósitos do OPM. Porque a paisagem cultural madeirense é conhecida pelos poios agricultados nas costas sul e norte da Madeira, esses degraus de gigante que tão bem nos identificam por esse mundo além, e bem assim pelos muros de pedra sobrepostos do Porto Santo. Ao fim e ao cabo, o que se anseia é um Observatório da Paisagem da Madeira mais multidisciplinar que dê o merecido destaque do uso do território para fins agrícolas, que durante 600 anos tem dado nome e glória à Madeira. Primeiro com a cana-de-açúcar, de seguida com o vinho e depois a banana, e mais recentemente com outros produtos como a anona.

Saibamos honrar o trabalho sobre-humano dos nossos antepassados que, com "engenho e arte", mas acompanhado de «sangue, suor e lágrimas» tornaram uma terra agreste, montanhosa e com águas bravas, num lugar aprazível onde se pudesse viver e ter alimentos disponíveis, por meio da construção dos poios e das levadas. E sensibilizemo-nos para o valor de adquirirmos e consumirmos os nossos produtos agrícolas em detrimento dos que vêm de fora, pois ao termos esse gesto, estamos a perpetuar a paisagem, a nossa paisagem agrícola!

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publicado às 16:28


E vão 11 anos!

por Agricultando, em 09.09.18

A 9 de Setembro de 2007 surgia esta rubrica de opinião sobre Agricultura madeirense na revista do Diário de Notícias da Madeira.

Captura de ecrã 2015-09-9, às 22.06.57.png

O "Pêro da Ponta do Pargo em festa" foi o primeiro artigo de um conjunto de 162 textos publicados até à presente data (71 textos da 1.ª série - 9.9.2007 a 13.6.2010, 72 textos da 2.ª série - 30.1.2011 a 29.1.2017 mais 19 textos da 3.ª série iniciada a 26.2.2017, e que se encontra em curso). A estes cento e sessenta e dois escritos há que acrescentar dois artigos-resumo das 1.ª e 2.ª séries que foram publicados no Diário de Notícias da Madeira a 13.6.2010 e 29.1.2017, respectivamente.

Depois, publicaram-se os 71 textos da 1.ª série em livro a 21 de Março de 2011 com a respectiva versão inglesa, a 16 de Dezembro de 2013.

Decorridos 11 anos nunca pensei estar ainda a escrever. O facto de saber que o Agricultando é lido por muitos leitores no Diário de Notícias da Madeira, aqui no blogue e na página de facebook, faz-me querer continuar, fazendo aquilo que mais gosto: escrever sobre o que de bom a Madeira e o Porto Santo tiveram ou têm a nível agrícola e gastronómico.

Enquanto houver leitores, haverá Agricultando!

Muito obrigado a quem me lê!

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publicado às 17:11


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