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Anona da Madeira, como ela não há igual

por Agricultando, em 25.03.18

Este texto foi publicado no dia 25 de Março de 2018, no Diário de Notícias.

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Direitos Reservados

No dia 21 de Fevereiro realizaram-se na Escola Agrícola da Madeira em São Vicente, as 1.ªs Jornadas Técnicas da Anona da Madeira organizadas pela Secretaria Regional de Agricultura e Pescas através da Direcção Regional de Agricultura, que contaram com a participação de técnicos, agricultores, estudantes e demais interessados. A Anona da Madeira é reconhecida pela União Europeia desde 2000 como Denominação de Origem Protegida (DOP), um estatuto que a identifica no espaço europeu pela sua excelência e características distintivas de anonas provenientes de outras paragens. É pois, mais um produto agrícola que contribui para que a Madeira seja conhecida e apetecida numa eventual visita. Nestas jornadas, o Director Regional de Agricultura (DRA), Engenheiro Paulo Santos, fez o ponto da situação do Plano Estratégico para a Anona da Madeira aprovado por meio da Resolução n.º 968/2015 do Governo Regional. Apontou a história multissecular da cultura da anoneira neste Arquipélago, a sua adaptação às condições climáticas e de solo locais, o saber-fazer do agricultor e do técnico ao longo do tempo, o trabalho de melhoramento genético iniciado por volta de 1985 pelos serviços oficiais que deu origem a quatro variedades de nome "Madeira", "Funchal", "Perry Vidal" e "Mateus I", as propriedades nutritivas e medicinais do fruto, entre outros. No que respeita aos objectivos estratégicos do referido Plano, onde se pretende aumentar a área de anoneira, de 115 para 150 hectares entre 2016 e 2020, alcançou-se em dois anos mais oito hectares, ou seja, 23 por cento do objectivo resultante da aprovação de 22 projectos de investimento agrícola que representam aproximadamente quatro hectares, e da venda de fruteiras daquela espécie nos viveiristas da Região. O Engenheiro Paulo Santos relevou ainda os apoios à comercialização local e à expedição, o aumento da capacitação dos actuais e futuros agricultores por via da formação de carácter prático, a prospecção de novas variedades de anoneira com interesse agrícola e comercial, o estudo de épocas de produção diferentes do presente. Depois seguiu-se uma mesa redonda subordinada ao tema "Oportunidades e desafios da cultura da Anona da Madeira", moderada por Luís Reis da Antena 1 Madeira e com a presença do DRA, do Engenheiro Marco Gonçalves, Gestor do PRODERAM, do Dr. Jorge Dias, Gerente da Gesba, de Octávio Freitas, Chefe de Cozinha, do Dr. Bruno Sousa, Nutricionista, do Engenheiro Jordan Andrade, produtor de anona, de Jose Rubia, empresário espanhol de anona e seus derivados e do Engenheiro João Luís Sousa da empresa Santoqueijo. Deste painel, reteve-se que há jovens agricultores a investir na cultura da anoneira, existe procura de anona no continente, na Inglaterra, na França e na Alemanha, mas que há colocá-la nesses destinos no melhor estado possível. A importância do aumento do consumo local de anona na hotelaria e restauração, quer em fresco, quer em transformado, pois são poucos os estabelecimentos que têm aquele fruto para oferecer ao cliente. O produto que deve ter qualidade e o incentivo ao consumo de derivados, tendo o cuidado de elaborar-se menus com 50 por cento ou mais de produtos da terra e do mar locais. As escolas e os lares onde se deveria dar preferência ao que é nosso, pois seria também uma excelente via de escoamento da produção regional. Os hipermercados que têm de dar formação aos seus colaboradores, pois em algumas superfícies, os frutos que foram entregues pelo produtor em perfeitas condições de venda, surgem nas prateleiras em mau estado de conservação. A anona que tem vitaminas do complexo B e C, propriedades anti-inflamatórias e anti-tumorais, e que não «engorda», pois 100 gramas de polpa contêm 75 calorias. A Santoqueijo que ensaiou uma sobremesa à base de iogurte, requeijão e polpa de anona e que pôde ser degustada na actividade "Sabores da Anona" no final deste evento.

Na parte da tarde o Engenheiro Emilio Guirado Sánchez da Estação Experimental La Mayora, em Málaga (Espanha) proferiu uma conferência sobre as "Problemáticas (e soluções) da cultura da anoneira". A Espanha é o primeiro produtor mundial de anona com uma área de 3.000 hectares e uma produção anual estimada em mais de 40.000 toneladas. Este credenciado técnico com 30 anos de experiência na cultura da anoneira apresentou uma comunicação de grande nível, fazendo uma passagem abrangente por todos os aspectos culturais da anoneira, nas regiões de Granada e Málaga. Mostrou a polinização manual essencial para a obtenção de frutos naquele país, e como novidade técnica, o recurso a uma máquina que através do fluxo de ar separa os estames das peças florais, bem como de um aplicador de pólen que é muito mais preciso e eficaz que o anterior método por meio de um pincel. A anona espanhola é constituída basicamente por duas variedades: "Fino de Jete" (98 por cento da produção) e "Campas" (restantes 2 por cento). Recentemente, resultante de hibridações, obtiveram a variedade "Alborán", com características diferentes das existentes, sendo mais uma alternativa comercial. Neste momento, com a prática cultural da poda total (eliminação dos ramos do ano anterior), têm conseguido prolongar a época de colheita até Março/Abril, quando antes terminava em Janeiro. No final da conferência, o Director de Serviços de Desenvolvimento da Agricultura, Engenheiro Rui Nunes, mencionou a relevância na Região de determinadas espécies de insectos da ordem dos coleópteros na época de floração da anoneira como promotores da polinização natural e sem custos de mão-de-obra, cujo número se intensifica com a presença de ananás, banana, maçã que esteja fermentada, originando um maior vingamento de frutos. As 1.ªs Jornadas encerraram com o Secretário Regional de Agricultura e Pescas, Dr. Humberto Vasconcelos, que sublinhou ser um privilégio contar nesta iniciativa com dois dos mais conceituados técnicos da cultura da anoneira a nível mundial, o Engenheiro Emilio Guirado Sánchez e o Engenheiro Rui Nunes, além deste tipo de evento dar notoriedade à Anona da Madeira que é DOP, e que tem possibilidades de crescer, quer localmente, quer no mercado externo, como aconteceu num passado recente. Por último, decorreram os "Sabores da Anona" com a degustação de diversos produtos à base daquele fruto e que contou com a colaboração da Santoqueijo e da Associação de Barmen da Madeira.

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