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Só se valoriza aquilo que se conhece

por Agricultando, em 24.09.17

Este texto foi publicado no dia 24 de Setembro de 2017, no Diário de Notícias.

A sidra ou "vinho" de pêros como é conhecida entre nós, é uma das bebidas mais genuínas da Madeira. Desde tempos remotos, esta bebida com teor alcoólico de 5 a 6 graus é produzida em freguesias como a Camacha, o Santo da Serra, São Roque do Faial, o Jardim da Serra, entre outras. Ao longo do tempo, seleccionaram-se variedades de maçãs/pêros com grande potencial para a obtenção de sidra como são o "Pêro Calhau de Sidra", o "Pêro Azedo", o "De Vinho", o "Pevide" e o "Vime". Actualmente, por exemplo, na freguesia dos Prazeres e na Quinta Pedagógica daquela localidade usam-se outras variedades regionais que devem apresentar uma maturação entre o verde e o maduro, pois é nesse estado que os frutos têm pouco teor de açúcares e darão a frescura e acidez tão características desta bebida. Após a apanha dos frutos a produção de sidra começa logo com a necessária lavagem, ocorrendo posteriormente o corte e a trituração. Nesta fase adiciona-se um antioxidante como o ácido ascórbico (Vitamina C) com o propósito de evitar a oxidação (escurecimento) da polpa. A massa conseguida pela trituração é prensada, para extrair-se o sumo. Depois tem lugar uma decantação de 24 horas para que haja depósito de alguma borra. O líquido é trasfegado para um recipiente que pode ser metálico (inox) ou de madeira (barricas). A fermentação que ali acontece, deve ser efectuada em locais frescos cuja temperatura deverá ser de 14 graus centígrados, para que tenha lugar a actividade das leveduras. Desse modo, originar-se-ão fermentações longas e contínuas durante cerca de três semanas para alcançar-se uma sidra frutada e assegurar que todos os açúcares passem a álcool.

Nos dias 28 e 29 de Agosto teve lugar na freguesia dos Prazeres o 3.º Concurso das Sidras da Madeira, organizado pela Secretaria Regional de Agricultura e Pescas através da Direcção Regional de Agricultura (DRA). Esta competição fez parte da 3.ª Semana das Sidras da Madeira, um certame promovido pela Câmara Municipal da Calheta e pela Quinta Pedagógica dos Prazeres (QPP) que decorreu entre 28 de Agosto e 3 de Setembro. Tive a oportunidade de ser um dos 15 elementos do júri que avaliou 20 sidras de oito freguesias (Camacha, Fajã da Ovelha, Jardim da Serra, Ponta do Pargo, Prazeres, Santo da Serra, São Roque do Faial e São Vicente) produzidas entre 2013 e 2017, que se submeteram a concurso. Os jurados eram oriundos de diversas actividades económicas e do saber, como da hotelaria e restauração, da comercialização de vinhos, da Associação de Barmen da Madeira, da Universidade da Madeira, da Associação Qualifica/oriGIn Portugal e da DRA. A sala das provas devidamente preparada para o efeito foi o refeitório do Centro de Abastecimento Hortofrutícola dos Prazeres (CAPRA). As amostras foram convenientemente codificadas e servidas à temperatura ideal de 8 graus centígrados em copos de prova adequados. A cada sidra, a avaliação visual, olfactiva e gustativa eram registadas numa folha de avaliação padronizada que cumpre com os requisitos da Organização Internacional da Vinha e do Vinho. No primeiro dia elegeram-se as 10 melhores sidras, tarefa que se revelou difícil em alguns momentos dada a excelente qualidade, situação que foi corroborada por alguns dos elementos do júri que estiveram nas edições anteriores. No segundo dia, o júri voltou a avaliar as 10 melhores sidras para que se pudesse distinguir a "Melhor Sidra de 2017", as "Sidras de Ouro" e as "Sidras de Prata". Assim, o prémio de "Melhor Sidra de 2017" foi para Geraldo Freitas Dória de São Roque do Faial, as "Medalhas de Ouro" para José Alcindo Andrade da Ponta do Pargo, CDISA-Quinta Leonor do Jardim da Serra e Quinta Pedagógica dos Prazeres e as "Medalhas de Prata" para João Carlos Gouveia e João Manuel Freitas Spínola do Santo da Serra e Lino Nóbrega Pinto do Jardim da Serra. Este tipo de iniciativas são muito importantes para valorizar um produto, neste caso, a sidra, pois só se dá valor àquilo que se conhece. A sidra encerra um saber-fazer de gerações que foram escolhendo as melhores variedades de maçã e de pêro para produzir esta bebida refrescante e saudável. Numa região turística como a nossa, onde os visitantes ingleses, alemães, franceses e espanhóis são consumidores conhecedores de sidra, é essencial que a Região possua um conjunto variado de sidras, visto que de freguesia para freguesia e de variedade de maçã para variedade de maçã há diferenças na cor, no aroma e no sabor e isso, só por si, é algo mais que temos para oferecer a quem nos visita.

Uma nota final de felicitação à Eng.ª Regina Pereira e à Dra. Rubina Vieira da DRA que têm desenvolvido um notável trabalho técnico nas áreas da produção de sidra e seus derivados e de análise sensorial, respectivamente, e que foram determinantes para o sucesso do 3.º Concurso das Sidras da Madeira. Uma palavra de apreço para o Pároco dos Prazeres e Responsável pela QPP, Pe. Rui Sousa e a sua equipa que as acompanhou neste evento e ao longo do tempo.

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publicado às 16:53


Uma década de Agricultando!

por Agricultando, em 09.09.17

São 10 anos de "Agricultando". Foi a 9 de Setembro de 2007 que surgiu esta rubrica de opinião sobre Agricultura madeirense na revista do Diário de Notícias da Madeira.

"Pêro da Ponta do Pargo em festa" foi o título do primeiro artigo de um conjunto de 150 textos publicados até à presente data (71 textos da 1.ª série - 9.9.2007 a 13.6.2010, 72 textos da 2.ª série - 30.1.2011 a 29.1.2017 mais 7 textos da 3.ª série iniciada a 26.2.2017, e que se encontra em curso). A esta centena e meia de escritos há que acrescentar dois artigos-resumo das 1.ª e 2.ª séries que foram publicados no Diário de Notícias da Madeira a 13.6.2010 e 29.1.2017, respectivamente.

Captura de ecrã 2015-09-9, às 22.06.57.png 

Depois, seguiu-se a publicação dos 71 textos da 1.ª série em livro a 21 de Março de 2011 e a versão inglesa a 16 de Dezembro de 2013.

Passada que está uma década nunca pensei estar ainda a escrever. A satisfação de saber que o Agricultando é lido por muitos leitores no Diário de Notícias da Madeira, aqui no blogue e na página de facebook, faz-me continuar a fazer aquilo que mais gosto: escrever sobre o que de bom a Madeira e o Porto Santo têm a nível agrícola e gastronómico.

Com o vosso interesse e apoio, é para continuar!

Obrigado!

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publicado às 10:40


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