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Textos sobre Agricultura madeirense no Diário de Notícias da Madeira (1.ª série, quinzenal - de 9.9.2007 a 13.6.2010; 2.ª série, mensal, de 30.1.2011 a 29.1.2017; 3.ª série, mensal de 26.2.2017 a ...)
Este texto foi publicado no dia 25 de Junho de 2017, no Diário de Notícias.
A "Série Retrospectiva das Estatísticas da Agricultura e Pesca da Região Autónoma da Madeira (1976-2016)" da Direcção Regional de Estatística da Madeira foi disponibilizada na passada segunda-feira na página de internet daquele organismo público. Lá estão dados sobre as áreas e produções das principais culturas e a sua evolução nos últimos 41 anos. Neste "Agricultando" e sem querer ser exaustivo, deixando propositadamente de fora números e percentagens, constata-se que entre 2015 e 2016, nos cultivos temporários, houve aumento de produção de alface, cana-de-açúcar e feijão-verde. Na semilha [regionalismo para batata], batata doce, cebola, cenoura, milho para maçaroca e tomate registaram-se diminuições das quantidades produzidas, mantendo-se os quantitativos do inhame e do nabo. No que se refere às culturas permanentes e para o mesmo período dos dois anos mais recentes, apenas a banana teve evolução positiva, sendo que as produções de abacate, anona, castanha, cereja, limão, pêro para sidra e uva baixaram, com a maçã a atingir igual valor. As causas para o melhor ou pior desempenho anual das culturas agrícolas locais devem-se a vários factores. As condições climatéricas, a incidência de pragas e doenças, o preço pago ao produtor, a importação massiva de produtos homólogos (alguns até de qualidade inferior) a preços de venda inferiores aos de origem regional, entre outros, condicionam as áreas e produções agrícolas.
Num território pequeno como é o nosso e tendo em conta que o turismo origina o aumento de uma população "flutuante" anual na ordem das centenas de milhares, com a obtenção sucessiva de recordes de turistas e de receitas nos últimos tempos, seria oportuno saber até que ponto é que os visitantes podem ajudar para que haja aumentos das áreas e produções agrícolas, consequente consumo e o respectivo escoamento comercial. Já aqui o disse noutras ocasiões que a paisagem agrícola madeirense única e bela só existe se houver procura pelos nossos produtos. E o sector da hotelaria e restauração que tanto beneficia dessa paisagem cultural, deveria retribuir, adquirindo os hortofrutícolas de proveniência local e orgulhando-se junto do seu hóspede ou cliente, que a refeição que está a desfrutar resulta maioritariamente de produtos da Região. Os hotéis e restaurantes que têm a preocupação diária de comprar os produtos da terra regionais deveriam ser distinguidos e devidamente identificados, um pouco à semelhança daquilo que se faz na área ambiental e que é promovido pelo Governo Regional. Porque a agricultura contribui para o bom ambiente que o forasteiro procura, quer com os olhos, quer com a barriga.
Para que tal desiderato se concretizasse, a criação de um distintivo turístico de qualidade agrícola que poderia ter a designação de "Estabelecimento Amigo da Agricultura madeirense" assente numa portaria conjunta entre a Secretaria Regional da Economia, Turismo e Cultura e a Secretaria Regional de Agricultura e Pescas, que avaliasse as vertentes agrícola e social, a gestão dos produtos agrícolas e derivados ao longo do ano, os serviços e a formação, seria desejável. Não tenho dúvidas que a médio e longo prazos, criar-se-ia mais riqueza na agricultura e a quem nela trabalha, fixando populações no meio rural, elevando a oferta gastronómica da hotelaria e restauração, para satisfação do turista!
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