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Textos sobre Agricultura madeirense no Diário de Notícias da Madeira (1.ª série, quinzenal - de 9.9.2007 a 13.6.2010; 2.ª série, mensal, de 30.1.2011 a 29.1.2017; 3.ª série, mensal de 26.2.2017 a ...)
Este texto foi publicado no dia 25 de Outubro de 2015, na revista "Mais" do Diário de Notícias.
Recentemente e pelo menos num par de vezes acerca do que deverá ser o Turismo da Madeira nos próximos tempos, o Secretário Regional da Economia, Turismo e Cultura, Dr. Eduardo Jesus, defendeu que ao binómio serra/mar é crucial associar a cultura, tornando-o num trinómio que deve ser vivenciado por quem nos visita. A cultura, de acordo com um bom dicionário, como por exemplo o Dicionário da Língua Portuguesa e Contemporânea da Academia das Ciências de Lisboa e da Editorial Verbo, é definida como a “acção ou modo de trabalhar, de amanhar a terra para tornar mais fértil, e assim, obter melhores produções agrícolas; acto ou efeito de cultivar”, “conjunto de costumes, práticas, comportamentos..., que são adquiridos e transmitidos socialmente, de geração em geração” e “património literário, artístico e científico de um grupo social, de um povo”. O mesmo dicionário indica que a agricultura é a “arte e ciência do cultivo da terra”, “cultura da terra, conjunto de acções de transformação do meio natural para a produção de alimentos, fibras e animais úteis, e necessários ao homem”. Como se pode ver, cultura e agricultura combinam-se nos conceitos, pelo que pode dizer-se que agricultura é cultura. É fundamental não esquecer que o turista que se deleita com a paisagem agrícola humanizada distinta, quer na costa sul, quer na vertente norte, aprecia e surpreende-se com as nossas iguarias e os produtos da terra e do mar regionais, que delas devem fazer parte. A gastronomia madeirense, apesar de ser relativamente pequena, quando comparada com outras regiões do país, é muito rica e nela assenta os quase seis séculos do saber-fazer agrícola e culinário das nossas gentes que desde cedo, com “engenho e arte”, souberam aproveitar aquilo que a natureza e o clima generoso lhes deram. Desse modo, segundo as linhas que acabei de escrever e tendo presente os elementos serra/mar/cultura, é pois na cultura que devem constar a agricultura e a gastronomia regionais como das componentes mais genuínas e únicas do nosso existir ilhéu.
O Restaurante Vinháticos da Pousada dos Vinháticos (telefone: 291952344, com página no facebook) localizado na Estrada Regional 228 (que dá acesso à Encumeada), freguesia da Serra de Água, concelho da Ribeira Brava, existe desde 1950. Actualmente, propriedade do grupo hoteleiro Dorisol, o nome desta casa remete para o vinhático, uma árvore endémica da Macaronésia e característica da Laurissilva da Madeira, a nossa floresta indígena Património Mundial Natural da UNESCO. Nesta época do ano, onde a castanha predomina, nada como começar com um creme de castanhas com cebola frita, que é um lastro para o que se segue. Nos pratos principais, a carne de porco assada com castanhas dos Vinháticos acompanhada de batata frita e legumes ou a perna de borrego assada, assim como os rolinhos de peixe-espada preto com camarão e toucinho ou o bacalhau com puré de castanhas, são preparados com o saber e o carinho das três cozinheiras. Nas sobremesas, o gelado de amêndoa caseiro com chocolate, o creme de chocolate madeirense ou o doce do convento com amêndoa e chila, são a melhor maneira de finalizar a refeição, contemplando a belíssima paisagem serrana. Para que este Restaurante assegure os aromas e os sabores autênticos, dá-se preferência aos produtos agrícolas locais e às ervas aromáticas como a salsa, orégãos, segurelha, hortelã, alecrim, sendo estas últimas obtidas de uma horta da Pousada, além das omnipresentes castanhas daquele lugar.
Autenticidade e simplicidade à sua mesa são duas das qualidades patentes no Restaurante Vinháticos que merece ser (re)visitado por si, caro leitor, pois quase que aposto que até o conhece, mas que por um motivo ou outro, deixou de o fazer. Está na hora de voltar!
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