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Textos sobre Agricultura madeirense no Diário de Notícias da Madeira (1.ª série, quinzenal - de 9.9.2007 a 13.6.2010; 2.ª série, mensal, de 30.1.2011 a 29.1.2017; 3.ª série, mensal de 26.2.2017 a ...)
Este texto foi publicado no dia 31 de Maio de 2015, na revista "Mais" do Diário de Notícias.
Numa altura em que muito se fala e escreve sobre a importância da reabilitação urbana, julgo que é igualmente oportuno pensar numa reabilitação agrícola madeirense que está ao alcance de todos. A Região, apesar de ser um pequeno território, com relevo montanhoso e com terrenos dispersos e de reduzida dimensão, é muito rica na sua biodiversidade agrícola, pois dispomos no decorrer do ano de culturas de clima temperado, subtropical e tropical, com características únicas e adaptadas à sua diversidade climática. Como já disse noutros artigos, a tão afamada paisagem agrícola madeirense existe porque os produtos são escoados localmente e alguns até externamente. Por outras palavras, ao adquirirmos hortofrutícolas regionais estamos a contribuir para a manutenção da paisagem que nos distingue e para o fortalecimento da economia, quer para os agricultores e outros intervenientes do comércio agrícola, quer para outros sectores como o da hotelaria e restauração. Se da parte do consumidor que somos todos nós, houver consciência que comprando o que é nosso, estamos a fazer bem a nós mesmos, da parte dos empresários, essa consciência deverá ser uma obrigação, pois estarão a retribuir ao agricultor aquilo que este tanto dá no seu dia-a-dia. Ao fim e ao cabo a reabilitação agrícola madeirense que aqui trouxe, é que precisamente eu e o caro leitor ao irmos às compras ao mercado ou ao supermercado, e até mesmo o director de comidas e bebidas do hotel e o empresário da restauração ao realizarem as suas encomendas, devemos procurar o que é de cá, dando sempre preferência aos nossos produtos agrícolas e agro-alimentares!
O Restaurante Doca do Cavacas (telefone: 291762057, com página no facebook) situado na Rua da Ponta da Cruz, freguesia de São Martinho, concelho do Funchal, abriu portas a 13 de Maio de 1976. A caminho das quatro décadas de existência, os proprietários Ana Teresa e Carlos Dias dão continuidade ao projecto iniciado pelo seu pai "Cavacas" que através de uma furna escavada na rocha onde hoje em dia está a cozinha e o bar, deu início a esta casa que ostenta a sua alcunha. Ali o marisco e o peixe são os ingredientes principais, sempre frescos e servidos em generosas doses. A começar pelas lapas grelhadas ou pelas ovas de espada, passando pelos filetes de peixe espada preto, pelo bodião grelhado ou por um arroz de marisco para dois. Para refrescar a boca dos paladares do mar, nada como um pudim de maracujá ou de caramelo, caseiros. Além dos peixes locais, os produtos agrícolas como a alface, o tomate, o pepino, a cebola, utilizados nas saladas, a salsa, a semilha [regionalismo para batata], a pepinela, a banana, entre outros, são de origem regional e alguns são mesmo cultivados pelo pai dos donos do Restaurante. Torna-se mais forte assim a ideia que o êxito dos pratos confeccionados no Doca do Cavacas passa pelos produtos da terra e do mar de elevada qualidade, pelo saber-fazer do cozinheiro e igualmente pela magnífica paisagem envolvente.
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