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Textos sobre Agricultura madeirense no Diário de Notícias da Madeira (1.ª série, quinzenal - de 9.9.2007 a 13.6.2010; 2.ª série, mensal, de 30.1.2011 a 29.1.2017; 3.ª série, mensal de 26.2.2017 a ...)
Este texto foi publicado no dia 28 de Dezembro de 2014, na revista "Mais" do Diário de Notícias.
A freguesia do Jardim da Serra, concelho de Câmara de Lobos, é sobejamente conhecida como a terra da cereja e ninguém fica indiferente ao colorido das cerejeiras em flor, em Março e Abril e com os frutos maduros, em Maio e Junho. Mas esta localidade serrana tem outros produtos agrícolas, dos quais aqui se destaca o "Pêro Domingos". No dia 21 de Novembro, a Junta de Freguesia do Jardim da Serra e o CDISA – Quinta Leonor (nomeadamente o seu mentor, Prof. Manuel "Neto") em parceria com a Unidade de Investigação ISOPlexis/Universidade da Madeira, a Direcção Regional de Agricultura e Desenvolvimento Rural (DRADR), o Município de Câmara de Lobos e a Casa do Povo local, levaram a cabo no Hotel Quinta da Serra a iniciativa "Diferenciar e Valorizar a Sidra Regional". Do programa, constou uma apresentação do estágio em contexto de trabalho do Técnico em Agricultura Biológica (Curso de Especialização Tecnológica), Lino Pinto, sobre a "Produção de Sidra de Pêro Domingos". Neste estágio que contou com o apoio técnico da Engenheira Regina Pereira da DRADR, pretendeu-se incentivar o aproveitamento desta variedade regional de maçã, valorizando-a através da transformação em sidra. Se o "Pêro Domingos" em fresco é apetecível, de textura rija e suculenta, aroma equilibrado entre o doce e a sua acidez, com conservação à temperatura ambiente após a colheita até seis meses, quando usado para a produção de sidra, ainda o é mais. Para obter-se uma boa sidra, é preciso contar com frutos sãos e limpos, ter os materiais e equipamentos em boas condições de higiene e desinfecção, que não contenham ferro, pois origina a oxidação e confere um sabor a metal no mosto. Ao contrário do método tradicional, não se adiciona açúcar no início da fermentação, para assegurar a estabilidade da sidra. O engarrafamento ocorreu em meados de Maio, seis meses depois da maceração dos pêros, tendo-se tido o cuidado de escolher a garrafa e o rótulo (elaborado pelo Município de Câmara de Lobos) adequados para uma boa apresentação do produto final. A sidra é uma bebida refrescante de baixo teor alcoólico, com história e tradição em várias freguesias da Madeira como o Santo da Serra, São Roque do Faial, Ponta do Pargo, Prazeres e o Jardim da Serra. Além disso, os turistas ingleses, alemães, franceses e espanhóis apreciam e reconhecem esta bebida, pelo que quererão experimentar a sidra madeirense, única em Portugal. Em suma, apesar de a sidra ser conhecida há muito tempo entre nós, há que explorá-la em moldes modernos, com métodos de produção respeitadores das regras de higiene e segurança alimentar, com uma garrafa e rótulo apelativos, que vão ao encontro do consumidor local e do visitante. Na prova comentada pelo Escanção Américo Pereira e pelo Engenheiro Francisco Albuquerque, estes foram unânimes em considerar a sidra ‘Pêro Domingos’, uma boa bebida, fresca e com um aroma uniforme em todos os bordos do copo. De seguida, houve provas de sidra engarrafada e de um ‘ice tea’ de sidra com frutos vermelhos para os participantes.
Como segunda parte deste evento realizou-se um jantar temático no âmbito do projecto "Do Poio ao Prato: Inovação com Tradição" promovido pelo ISOPlexis/Universidade da Madeira e com o apoio do Hotel Quinta da Serra (telefone: 291640120, com página no facebook). A ementa preparada pelo Chefe de Cozinha Yves Gautier teve como ingredientes principais, o "Pêro Domingos" em polpa e em sidra e a batata doce variedade "Japonesa Preta". Como entrada, uma sopa de maçã e cebola com sidra de "Pêro Domingos", onde o doce do fruto e a acidez do bolbo se combinavam harmoniosamente. No prato principal, bochechas de porco preto com bagaço de maçã e batata doce frita, com uma carne cozida lentamente e de textura macia e suculenta. Como sobremesa, uma gulosa tarte "tatin" (de origem francesa) de maçã com gelado de batata doce, fechou da melhor maneira este jantar, onde a mensagem, da importância do uso dos produtos agrícolas locais na gastronomia madeirense tradicional e contemporânea, ficou bem patente nos convivas que participaram nesta actividade de promoção da sidra de "Pêro Domingos" e da terra que a acolheu, o Jardim da Serra!
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