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Textos sobre Agricultura madeirense no Diário de Notícias da Madeira (1.ª série, quinzenal - de 9.9.2007 a 13.6.2010; 2.ª série, mensal, de 30.1.2011 a 29.1.2017; 3.ª série, mensal de 26.2.2017 a ...)
Este texto foi publicado no dia 26 de Maio de 2013, na revista "Mais" do Diário de Notícias.
Ao longo dos tempos, a Agricultura madeirense tem sido o resultado da passagem de saberes e de culturas agrícolas, de geração para geração. Como é sabido, quando o Porto Santo e a Madeira foram povoadas, introduziram-se espécies agrícolas necessárias para o sustento das populações. Essas culturas com o correr do tempo, a influência do clima e o saber-fazer do Agricultor insular, tornaram-se diferentes daquilo que existe em Portugal e no Mundo. Apesar de ser um território pequeno na sua dimensão, este é vasto na sua biodiversidade agrícola, pois desde a beira-mar até à serra e do sul ao norte, encontramos hortofrutícolas e flores de climas tropical, subtropical e temperado, de inegável frescura e grande qualidade. Esta riqueza agrícola é bem visível na gastronomia da Madeira e do Porto Santo, visto que a tradição, isto é, a transmissão de conhecimentos passada de pais para filhos, soube recriar e também criar, aquilo que é a culinária de uma Região única, como é a nossa. Na 39.ª Feira do Livro do Funchal recentemente realizada, mereceu destaque no pavilhão da Direcção Regional dos Assuntos Culturais (DRAC), um livro intitulado "Gastronomia Tradicional da Madeira e do Porto Santo". É uma edição da Secretaria Regional da Cultura, Turismo e Transportes através da DRAC e do seu Serviço de Publicações. Na sua introdução, o Dr. Marcelino de Castro refere que “este livrinho, constituído por 49 fichas, pretende apenas apresentar uma breve selecção de receitas da Gastronomia Tradicional da Madeira e do Porto Santo”. Mas esta publicação é mais do que isso, porquanto além das receitas, traz no verso de cada uma, notas e curiosidades, dos produtos que são os protagonistas, dos usos e costumes associados e dos vocábulos do falar madeirense. Num formato prático, as 102 páginas estão separadas umas das outras, para que o leitor se aventure na cozinha com a receita escolhida. Desde as entradas, as sopas e caldos, os pratos de peixe e de carne, os acompanhamentos, as saladas, os doces e bolos, os licores até às tisanas. Ao fim e ao cabo, tem tudo para que se tenha uma refeição completa e inesquecível. Nas quase 50 receitas facultadas por Arsénia Abreu Silva, Corina Ferreira Gomes, Dina Elisa Correia Drummond, Germana Nunes, Olga Teixeira, entre outros, constam os produtos locais disponíveis no decorrer do ano, como por exemplo, as favas em Abril e Maio, o feijão maduro e as maçarocas pelos Santos Populares, a "vaginha" (regionalismo de feijão verde), a aboborinha e o tomate no Verão e a castanha em Outubro e Novembro. Nesta obra, alude-se ainda que outras iguarias da nossa culinária, surgiram pela falta de alimentos e pela necessidade de matar a fome, como são os casos do brigalhó no Curral das Freiras e da serralha da rocha, no Porto Santo e que vieram a contribuir para a sua diversificação. Em suma, ao pegar neste livro, lembrar-se-á da sua infância e vai querer experimentar as receitas nele contidas, com a certeza que de acordo com a época do ano, terá os correspondentes produtos da terra e do mar regionais, para que os seus pratos e não só, sejam aquilo que de mais genuíno temos para desfrutar e oferecer, a nossa gastronomia!
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