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Textos sobre Agricultura madeirense no Diário de Notícias da Madeira (1.ª série, quinzenal - de 9.9.2007 a 13.6.2010; 2.ª série, mensal, de 30.1.2011 a 29.1.2017; 3.ª série, mensal de 26.2.2017 a ...)
Este texto foi publicado no dia 24 de Fevereiro de 2013, na revista "Mais" do Diário de Notícias. Desde o povoamento da Madeira e Porto Santo foram aqui introduzidas várias culturas agrícolas que na passagem do tempo, ajustaram-se ao clima e solo locais, ganhando características diferentes das iniciais e perdurando até aos nossos dias, graças às gerações de agricultores madeirenses. Mas, porque havia o risco de perder-se essa biodiversidade agrícola pela substituição por outras variedades comerciais de uso global, ocorrida sobretudo a partir dos anos 70 e 80 do século XX, surge na primeira década deste século, o Germobanco Agrícola da Madeira, uma parceria entre a Associação de Agricultores da Madeira (AAM) e a Universidade da Madeira (UMa). O Germobanco ou o lugar onde se guardam as sementes e plantas de interesse agrícola, tem o intuito de recuperar, conservar, caracterizar e aperfeiçoar as espécies hortofrutícolas autóctones e adaptadas, para serem utilizadas pelos agricultores de agora, garantindo boas produções e aumentando o seu rendimento. São disso exemplo, as variedades regionais seleccionadas de trigo, milho, feijão, batata doce, cebola, cereja, maçã, figo, entre outras, sendo que no caso das fruteiras, a Direcção Regional de Agricultura e Desenvolvimento Rural e outrora, a Estação Agrária da Madeira já tinham levado a cabo um valioso trabalho de selecção. Por outro lado, a confecção destes produtos na nossa gastronomia, em casa, no hotel ou no restaurante, dá-lhe um cunho próprio, perpetuando uma parte importante da identidade cultural madeirense. Para que a opinião pública tenha conhecimento do trabalho desenvolvido pelo Germobanco Agrícola da Madeira, realizou-se no dia 26 de Janeiro, um almoço de degustação no Restaurante Armazém do Sal (telefone: 291241285, com página no facebook), à Rua da Alfândega, número 135, no Funchal. Esta actividade inserida no âmbito do projecto "Do Poio ao Prato, inovação com tradição" e organizada pela UMa, tem como objectivos, valorizar os recursos agrícolas regionais e fomentar a bioeconomia regional, quer junto da população, quer junto principalmente do sector da hotelaria e restauração. O seu responsável, Professor Doutor Miguel Ângelo Carvalho e equipa, com a colaboração de três agricultores dos concelhos de Santa Cruz, Porto Moniz e Câmara de Lobos, que cederam os produtos agrícolas, dos Chefes de Cozinha, Roberto Barros (residente do restaurante) e Yves Gautier (convidado), concretizaram um almoço com sete pratos, onde as variedades regionais de batata doce, "Cinco Bicos" e "Inglesa" e de maçã, "Pêro Domingos", foram as protagonistas. Assim, o repasto iniciou-se com um "caviar" de batata doce e maçã sobre "blinis" de batata doce, preparado com produtos e técnicas da tão em voga, cozinha molecular. Depois, foi servida uma sopa de batata doce e flor de funcho, com um toque aprazível de pimenta e uma crocante fatia de pizza de batata doce. Como prato principal, "fish and chips" de espada e batatas fritas de batata doce com anis estrelado. À sobremesa, um "carpaccio" de maçã com "cigare" (charuto) de batata doce e sabor de maracujá e um gelado de batata doce salgado, contrastando com o doce do molho de maracujá e da maçã. Uma nota final para os vinhos de mesa madeirense Barbusano rosé e branco e o vinho Madeira Blandy Bual 5 anos, servidos no decorrer deste almoço. É de felicitar esta e outras iniciativas realizadas (em Maio de 2011 houve um jantar no Restaurante Hora da Gula organizado pela AAM no contexto do Germobanco Agrícola), pois a relevância dos nossos produtos agrícolas e seus derivados na gastronomia madeirense, pela sua frescura, qualidade e especificidade, conferem aos pratos tradicionais e contemporâneos, algo de precioso, a que o comensal, local ou visitante, valoriza e recorda sempre!
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