Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]





A compostagem

por Agricultando, em 21.02.10

Este texto foi publicado no dia 21 de Fevereiro de 2010, na revista "Mais" do Diário de Notícias. Hoje, existe uma maior consciência colectiva sobre a finitude de recursos como o solo e a água, bem como das consequências negativas da produção intensiva, quer seja agrícola, quer seja industrial, no nosso dia-a-dia cada vez mais globalizado. A actividade humana extrema sobre os recursos disponíveis na natureza já acarreta desequilíbrios de diversa ordem à escala mundial, pelo que, também na Agricultura, é uma preocupação constante. Como forma de contribuir para o equilíbrio do meio ambiente, da nossa saúde e segurança alimentar, sem esquecer o rendimento dos agricultores, surge a compostagem. No livro "Compostagem – Utilização de compostos em Horticultura" do Professor Doutor João Guilherme Batista e da Doutora Edite Romana Batista do Departamento de Ciências Agrárias da Universidade dos Açores, a compostagem é definida como “um processo biológico que assegura a transformação de materiais orgânicos num produto higienizado e rico em compostos húmicos, suficientemente estável para poder ser armazenado, e cuja aplicação aos solos não produza efeitos adversos para o meio ambiente”. Por outras palavras, neste método ocorre a degradação de folhas, aparas de sebes e árvores, relva, flores, restos de verduras e frutas, cascas de ovos trituradas, borra de café, sacos de chá, sobras de pão entre outros resíduos orgânicos, que é efectuada por fungos e bactérias, minhocas e insectos, na presença de oxigénio e num ambiente quente e húmido, modificando a matéria orgânica até à sua estabilização. Esta é realizada num recipiente (compostor) ou num monte e decorre normalmente ao longo de dois a três meses. O composto, de fácil utilização, traz inúmeras vantagens para o sucesso da exploração agrícola, seja no modo de produção biológico ou no convencional. Este derivado da compostagem, acrescenta matéria orgânica e nutrientes ao solo, melhorando a sua fertilidade e prolongando a sua vida. Impede que a água se perca rapidamente nos solos "soltos" (arenosos) e "areja" os terrenos localmente chamados de "massapez" ou "salão" (argilosos), acautelando ainda a erosão dos terrenos. Incorpora bactérias e fungos, que ajudam a transferir os nutrientes que estão no solo para as plantas e diminui o surgimento de pragas e doenças, pois aumenta a resistência das culturas, evitando de modo igual a expansão de ervas daninhas. Caro leitor, se despertei o seu interesse, saiba que há entidades oficiais, que o podem ajudar a obter ou fazer o composto. Pode aceder ao sítio da empresa Valor Ambiente (http://www.valorambiente.pt/gestao-residuos/valorizacao-organica) ou contactar por exemplo, os Serviços de Desenvolvimento da Agricultura e Pecuária Biológica (291744190) da Direcção Regional de Agricultura e Desenvolvimento Rural. Destaco igualmente um interessante livrinho intitulado "João o Agricultor Biológico" da Bacharel em Engenharia Agro-Pecuária, Helena Fagundes, onde se explica às crianças e não só, a compostagem, entre outros assuntos sobre a agricultura biológica.

Autoria e outros dados (tags, etc)

publicado às 16:55


"Adubações"

por Agricultando, em 07.02.10

Este texto foi publicado no dia 7 de Fevereiro de 2010, na revista "Mais" do Diário de Notícias. O título deste "Agricultando" está entre comas, porque pertence a um livro de 1952 da autoria do Engenheiro Agrónomo António Teixeira de Sousa, editado pelo Grémio dos Exportadores de Frutas e Produtos Hortícolas da Ilha da Madeira. Este distinto madeirense nascido em 20 de Novembro de 1905, ocupou diversos cargos de relevo regional e nacional ao longo da sua vida. Foi Director Regional da Junta Nacional das Frutas na Madeira, Director dos Serviços Agronómicos nos Açores, Vice-Presidente das Juntas Nacionais das Frutas e do Vinho, Presidente da Comissão Administrativa dos Aproveitamentos Hidráulicos da Madeira, Presidente da Junta Geral do Distrito Autónomo do Funchal, entre outras destacadas incumbências. A obra aqui lembrada, foi o corolário de vários artigos então publicados num jornal mensal sobre agricultura regional denominado "Frutas da Madeira". O livro "Adubações" está dividido em quatro capítulos. O primeiro, "A população e a área agrícola da Ilha da Madeira" aborda a evolução da população desta Região desde o povoamento até à década de 50 do século passado e relaciona-a com a área agrícola nas suas diferentes zonas de vegetação, em função da localização a norte ou sul e da altitude. Como curiosidade, refira-se que naquela época, exportava-se “em larga escala”, a cebola e a semilha e, em menor quantidade, o tomate, a "vaginha" (feijão verde), a boganga (chila), o nabo e a cenoura. O segundo capítulo, "O solo agrícola" é dedicado à caracterização geológica, física e química do solo madeirense. O terceiro, "A fertilização da terra e os adubos" trata dos tipos de adubos orgânicos e químicos ou minerais que se complementam na sua acção de satisfazer as “exigências das culturas e a necessidade das terras”. O quarto capítulo, "As culturas e as adubações" dá indicações sobre aquela prática cultural, associando-a aos cultivos mais representativos da Madeira naquele tempo, como a bananeira, a anoneira, o abacateiro, a cerejeira, a pereira, a macieira, a semilha, a batata doce, a cebola, a couve, o nabo, a cenoura, o feijão, a ervilha, o tomate, o milho, o trigo, a cana-de-açúcar e a vinha. Ao longo da publicação "Adubações", é possível viajar no tempo, pois as fotografias ali incluídas, mostram paisagens agrícolas da nossa terra de há quase 60 anos, sendo um deleite para os olhos. Em jeito de conclusão, o Engenheiro Agrónomo António Teixeira de Sousa, afirma que “Para se obterem boas e abundantes colheitas, é indispensável adubar generosamente. As adubações orgânicas, ou estrumações, devem ser completadas com a calagem e as adubações químicas equilibradas”. Uma frase que apesar de ter sido escrita em 1952, continua bem actual. A finalizar, dedico este "Agricultando" à memória do meu Tio, Engenheiro Técnico Agrário José de Leça, falecido em 8 de Agosto de 2002 e que me deixou um exemplar deste precioso documento da Agricultura madeirense.

Autoria e outros dados (tags, etc)

publicado às 16:54


Mais sobre mim

foto do autor


Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.

Pesquisar

  Pesquisar no Blog

Calendário

Fevereiro 2010

D S T Q Q S S
123456
78910111213
14151617181920
21222324252627
28


Posts mais comentados


Arquivo

  1. 2024
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  14. 2023
  15. J
  16. F
  17. M
  18. A
  19. M
  20. J
  21. J
  22. A
  23. S
  24. O
  25. N
  26. D
  27. 2022
  28. J
  29. F
  30. M
  31. A
  32. M
  33. J
  34. J
  35. A
  36. S
  37. O
  38. N
  39. D
  40. 2021
  41. J
  42. F
  43. M
  44. A
  45. M
  46. J
  47. J
  48. A
  49. S
  50. O
  51. N
  52. D
  53. 2020
  54. J
  55. F
  56. M
  57. A
  58. M
  59. J
  60. J
  61. A
  62. S
  63. O
  64. N
  65. D
  66. 2019
  67. J
  68. F
  69. M
  70. A
  71. M
  72. J
  73. J
  74. A
  75. S
  76. O
  77. N
  78. D
  79. 2018
  80. J
  81. F
  82. M
  83. A
  84. M
  85. J
  86. J
  87. A
  88. S
  89. O
  90. N
  91. D
  92. 2017
  93. J
  94. F
  95. M
  96. A
  97. M
  98. J
  99. J
  100. A
  101. S
  102. O
  103. N
  104. D
  105. 2016
  106. J
  107. F
  108. M
  109. A
  110. M
  111. J
  112. J
  113. A
  114. S
  115. O
  116. N
  117. D
  118. 2015
  119. J
  120. F
  121. M
  122. A
  123. M
  124. J
  125. J
  126. A
  127. S
  128. O
  129. N
  130. D
  131. 2014
  132. J
  133. F
  134. M
  135. A
  136. M
  137. J
  138. J
  139. A
  140. S
  141. O
  142. N
  143. D
  144. 2013
  145. J
  146. F
  147. M
  148. A
  149. M
  150. J
  151. J
  152. A
  153. S
  154. O
  155. N
  156. D
  157. 2012
  158. J
  159. F
  160. M
  161. A
  162. M
  163. J
  164. J
  165. A
  166. S
  167. O
  168. N
  169. D
  170. 2011
  171. J
  172. F
  173. M
  174. A
  175. M
  176. J
  177. J
  178. A
  179. S
  180. O
  181. N
  182. D
  183. 2010
  184. J
  185. F
  186. M
  187. A
  188. M
  189. J
  190. J
  191. A
  192. S
  193. O
  194. N
  195. D
  196. 2009
  197. J
  198. F
  199. M
  200. A
  201. M
  202. J
  203. J
  204. A
  205. S
  206. O
  207. N
  208. D
  209. 2008
  210. J
  211. F
  212. M
  213. A
  214. M
  215. J
  216. J
  217. A
  218. S
  219. O
  220. N
  221. D
  222. 2007
  223. J
  224. F
  225. M
  226. A
  227. M
  228. J
  229. J
  230. A
  231. S
  232. O
  233. N
  234. D