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Textos sobre Agricultura madeirense no Diário de Notícias da Madeira (1.ª série, quinzenal - de 9.9.2007 a 13.6.2010; 2.ª série, mensal, de 30.1.2011 a 29.1.2017; 3.ª série, mensal de 26.2.2017 a ...)
Este texto foi publicado no dia 29 de Novembro de 2009, na revista "Mais" do Diário de Notícias. De segunda-feira passada até hoje, decorreu a terceira Semana Bio Madeira sob o lema "Cultivar Sustentabilidade", com inúmeras actividades dirigidas ao consumidor, sensibilizando-o para as vantagens do consumo de produtos agrícolas regionais obtidos pelo modo de produção biológico. No presente, a agricultura biológica ocupa cinco por cento da área agrícola total da Madeira. Esta iniciativa organizada pela Secretaria Regional do Ambiente e dos Recursos Naturais, através da Direcção Regional de Agricultura e Desenvolvimento Rural (DRADR), teve a sua "sede", no Largo da Restauração, no Funchal. Durante os dias úteis, foi possível comprar ali hortofrutícolas biológicos madeirenses comercializados pelos produtores, derivados agro-alimentares, cosméticos e produtos medicinais naturais. Houve também lançamentos de livros, entre outras acções levadas a cabo por diversas empresas e instituições participantes, com interesses económicos, sociais e científicos neste tipo de agricultura. Com o intuito de descentralizar esta semana temática, aconteceram noutros locais do Funchal, Câmara de Lobos, Ponta do Sol, Calheta, São Vicente, Santana e Porto Santo, actividades paralelas como palestras, projecções de filmes e dias abertos em centros experimentais agrícolas. Na sequência de um protocolo de colaboração entre a empresa FN-Hotelaria, a DRADR e um grupo de Chefes de Cozinha de hotéis de cinco e quatro estrelas da Região, tiveram lugar na Semana Bio Madeira 2009, um conjunto de demonstrações gastronómicas, onde os produtos agrícolas e pecuários biológicos regionais foram os ingredientes de eleição das iguarias preparadas. Além das explicações ao vivo destas receitas pelos seus autores, o público era convidado a degustá-las e a experimentá-las futuramente em casa, pois no suceder dessas demonstrações, distribuíam-se folhetos com as respectivas receitas. A propósito, refira-se que ao longo deste ano, no calendário de eventos agrícolas como as Exposições Regionais da Anona e do Limão, a Feira da Cana-de-Açúcar, as Festas da Cebola, Cereja, Pêro e Castanha, a Feira do Gado e a Mostra Regional da Banana, realizaram-se actividades gastronómicas semelhantes àquelas que ocorreram agora, com grande adesão dos residentes e turistas. Um aspecto digno de referência no decurso desta semana, foi a participação de alunos de escolas de diferentes níveis de ensino, desde o pré-escolar até ao secundário, quer como assistentes, quer como protagonistas em momentos musicais e de teatro, onde a importância do consumo de hortícolas e frutícolas regionais e o bem que representam para a saúde, foi relevada. Numa época em que a obesidade é uma preocupação constante da sociedade moderna, é importante alertar os jovens e menos jovens, para a mais-valia de se comer vegetais e frutas para o seu crescimento e bem-estar, respectivamente.
Este texto foi publicado no dia 15 de Novembro de 2009, na revista "Mais" do Diário de Notícias. Habitualmente, o "Agricultando" aborda produtos ou zonas agrícolas peculiares da Madeira e do Porto Santo, mas o de hoje, debruça-se sobre a nossa Agricultura e Gastronomia. É reconhecido por todos que uma verdura ou fruta frescas, contribuem em grande parte para o sucesso da confecção de um prato. Essa frescura só é plenamente conseguida com as hortofrutícolas de cultivo local. Além disso, graças aos mil e um climas que a Região possui, permite-nos ter ao longo do ano produtos agrícolas de clima tropical, subtropical e temperado. Muitas vezes, nós consumidores, escolhemos o que vem de fora (leia-se importados), devido ao seu preço e aparência. Porém, também é frequente acontecer que muitas dessas hortícolas e frutícolas vão para o lixo, porque encontramos no seu interior podridões e danos causados pelo choque térmico, provocados por sucessivas entradas e saídas das câmaras frigoríficas desde o local de produção longínquo até à nossa mesa. Por isso, é importante sublinhar que, ao preferirmos os produtos agrícolas madeirenses, temos a garantia da sua frescura e qualidade insuperáveis a preços justos. Comprá-los, é preservar o património agrícola regional genético (as nossas variedades) e edificado (os poios, os palheiros, as levadas), bem como fixar as populações rurais com qualidade de vida. Nos últimos tempos, surgiu o conceito de soberania alimentar, que tem sido tema de conferências e debates. O Observatório dos Mercados Agrícolas e das Importações Agro-Alimentares (OMAIAA) realizou em 10 de Julho deste ano, no auditório da Ordem dos Engenheiros, em Lisboa, um seminário subordinado à "Qualidade, Segurança e Soberania Alimentar versus Défice da Balança de Pagamentos no Sector Agro-Alimentar". Na publicação que resume esse evento (disponível em http://www.observatorioagricola.pt/rubricas/ATT00317.pdf), define-se soberania alimentar como “o direito de cada país ou região de definir e aplicar as suas políticas agrícolas e alimentares, de decidir o que cultivar, o que comer e como comercializar, de produzir localmente, respeitando o território, e poder controlar os recursos naturais, como a água, as sementes e a terra”. Hoje, sabe-se que Portugal importa cerca de 75 por cento dos alimentos que come. A Região, também está dependente do exterior, pelo que, caro leitor, é crucial dar primazia aos produtos agrícolas locais de que necessita, pois assim estará a contribuir para a nossa autonomia alimentar. É indiscutível que os nossos produtos agrícolas que compõem o mosaico de cores em conjunto com os poios, constituem a inimitável paisagem rural madeirense, que é fotografada e filmada diariamente por milhares de turistas. O Turismo (restauração e hotelaria) deve apostar cada vez mais na sinergia Agricultura/Gastronomia regionais, visto que ambos os sectores são complementares e fazem a diferença junto do visitante. A nossa gastronomia diversa e genuína, só pode ser assegurada com os produtos da terra, pois apenas estes conferem o aroma e o sabor inigualáveis dos pratos típicos da Região. Em suma, é urgente comprar o que é nosso!
Este texto foi publicado no dia 1 de Novembro de 2009, na revista "Mais" do Diário de Notícias. Este fruto seco típico desta época do ano, não é nada mais nada menos do que uma semente. O "verdadeiro" fruto da nogueira é verde e não comestível. Quando está maduro no Outono, abre-se, deixando cair a semente chamada noz. Depois é submetida a uma secagem, com recurso a um tipo de "fumeiro", hábito antigo e enraizado entre nós, para que se obtenha as melhores características de paladar e textura, bem como uma boa conservação. A noz pode ser consumida em fresco ou transformada em bolo ou num reconfortante pudim. O nosso bolo de mel de cana tem na sua composição, este fruto inteiro no seu topo e triturado em bocadinhos no interior do mesmo. Hoje, dia de Todos-os-Santos, reza ainda a tradição do "Pão-por-Deus", em que as crianças com sacos de pano, andam de porta em porta pelas casas dos familiares e vizinhos, a pedir guloseimas e frutos secos (nozes incluídas). Noutras paragens, para além de ser uma árvore produtora de frutos, é igualmente aproveitada para a indústria madeireira, com aplicação no fabrico de móveis duradouros e de elevada qualidade. Na Madeira, esta espécie de crescimento lento tem as melhores condições de cultivo entre os 400 e os 1000 metros de altitude, encontrando-se distribuída um pouco por toda a parte. Os pés dispersos são predominantes em relação aos poucos pomares aqui existentes. Segundo o "Recenseamento Geral de Agricultura" de 1999, os concelhos mais representativos desta cultura são a Ribeira Brava (freguesia da Serra d’ Água), Funchal, Câmara de Lobos (Curral das Freiras), Ponta do Sol e São Vicente. Na Região, as variedades de noz mais apreciadas são as regionais do Curral e as introduzidas americanas "Hartley" e "Pedro", por terem bastante miolo, casca fina e serem muito saborosas. O bichado é a principal praga e a bacteriose e antracnose são as doenças mais comuns. A época de apanha acontece geralmente nos meses de Outubro e Novembro. A origem da nogueira está situada nas Montanhas dos Cárpatos, um conjunto montanhoso europeu imponente de 1500 km que atravessa a República Checa, a Eslováquia, a Polónia, a Hungria, a Ucrânia, a Roménia e a Sérvia. Outrora, esta espécie também foi encontrada espontaneamente nos Himalaias e na China. No presente, é cultivada em todas as zonas de clima temperado do mundo. De acordo com dados estatísticos de 2007 da FAO, o organismo das Nações Unidas para a agricultura e alimentação, a China lidera o grupo de países produtores deste fruto seco, seguida pelos Estados Unidos da América, Turquia, Irão, Ucrânia, México, França, Índia, Egipto, Roménia, Sérvia, entre outros.
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