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Textos sobre Agricultura madeirense no Diário de Notícias da Madeira (1.ª série, quinzenal - de 9.9.2007 a 13.6.2010; 2.ª série, mensal, de 30.1.2011 a 29.1.2017; 3.ª série, mensal de 26.2.2017 a ...)
Este texto foi publicado no dia 23 de Agosto de 2009, na revista "Mais" do Diário de Notícias. Na obra "Fruticultura Tropical – Espécies com frutos comestíveis" do Professor Engenheiro José Mendes Ferrão, refere-se que a proveniência da tabaibeira não é consensual. Porém, acrescenta-se que “alguns atribuem-lhe uma origem americana, possivelmente das zonas planálticas mexicanas”. Neste livro, fica-se a saber que na Época dos Descobrimentos, os espanhóis levaram este cacto para Espanha, transitando daí para o norte de África. Crê-se também que os portugueses introduziram-no no Brasil, na África Ocidental e Meridional e no Oriente. Nos nossos dias, esta espécie está disseminada pelo mundo, com destaque para as regiões áridas e semi-áridas. O México é o principal produtor e países como a Itália (sul e a Sicília), Marrocos, Argélia, Egipto, Arábia Saudita, Israel, Brasil, entre outros, possuem áreas de cultivo representativas. Em Portugal, é comum nas regiões do centro, sul e Madeira, embora o seu consumo no continente seja quase inexistente, sendo que lá, o tabaibo denomina-se figo da Índia e a tabaibeira, figueira da Índia. Na Região, esta planta encontra-se espontaneamente na encosta sul da Madeira e no Porto Santo, em lugares quentes e secos, onde a água disponível, é aquela que provém da chuva. Contudo, quem quiser propagá-la vegetativamente, basta separar as "folhas" da tabaibeira – que são os seus ramos – e ao serem plantadas, enraízam facilmente, originando novas plantas com as mesmas características da planta-mãe. As variedades distinguem-se pela cor da polpa do fruto, que pode ser branca (mais frequente), laranja ou vermelha. Em termos de sanidade vegetal, é resistente a pragas e doenças, havendo no entanto, uma cochonilha ou "lapa", que ataca com alguma intensidade. A título de curiosidade e de acordo com o "Elucidário Madeirense" do Pe. Fernando Augusto da Silva e Carlos Azevedo de Meneses, este insecto foi importado das Canárias no segundo quartel do século XIX, com o propósito de se obter então um corante natural vermelho, destinado à tinturaria. A colheita decorre entre Julho e Setembro, efectuando-se a mesma com uma turquês ou com luvas, pois a planta e os tabaibos têm espinhos. Após a apanha, a saruga ou os picos são retirados com uma vassoura de acácia. Actualmente, há variedades seleccionadas sem espinhos, que facilitam este amanho cultural. Refira-se ainda que, tradicionalmente usam-se as cascas dos frutos na alimentação dos porcos e que as "folhas" livres de picos, são um excelente alimento para o gado. Entre nós, os tabaibos são muito estimados, principalmente quando já estão descascados e estiveram umas horas no frigorífico. A polpa suculenta, com sementes pretas e um tanto doce, é uma tentação para os apreciadores, que devem comer com parcimónia, para evitar a obstipação devido às inúmeras sementes. Noutras paragens, este fruto é transformado em "doce" (compota), licor, em refrescantes sumos e batidos, assim como no México, as "folhas" jovens servem de verdura, aumentando assim o "leque" de oferta. A terminar e atendendo às limitações do seu consumo em fresco, seria desejável que esta diversificação de derivados tivesse também lugar na nossa Região.
Este texto foi publicado no dia 9 de Agosto de 2009, na revista "Mais" do Diário de Notícias. Na Região, encontra-se cultivado desde sempre um pouco por toda a parte, sobretudo na costa sul da Madeira, desde o litoral até aos 400 metros de altitude e no Porto Santo. A figueira propaga-se facilmente por estaca, isto é, através de ramos seleccionados de dois a três anos de idade que, quando colocados na terra, acabam por enraizar e dão origem a novas plantas. É frequente ver-se uma figueira na bordadura de um poio com hortícolas ou outras fruteiras, sendo raros os pomares desta espécie. A principal praga desta cultura é a mosca da fruta ou o "bicho" da fruta, como é popularmente conhecido entre nós, sendo que a doença mais representativa é a podridão dos frutos. O figo é um dos frutos desta estação, pois a época de colheita ocorre normalmente nos meses de Julho a Outubro, consoante a localização geográfica, a altitude, as condições climatéricas locais e a variedade. Aqueles frutos que estão prontos a colher em Junho e no final do Verão, designam-se de lampos e vindimos, respectivamente. As variedades locais mais estimadas são a "Doce", a "Branco" e a "Bêbera" branca ou preta, que difere das anteriores por ter uma forma mais alongada. Actualmente, a variedade "Pingo de Mel" tem grande aceitação, por ser produtiva, apresentar calibres maiores e um sabor muito agradável. Este nome deriva do facto que, quando o figo está pronto para ser apanhado, surge no seu ápice uma gota viscosa adocicada proveniente da polpa. A figueira é nativa do Sudoeste Asiático e ao longo dos tempos, difundiu-se pelos países mediterrânicos europeus e pelo norte de África, sendo que no presente, está cultivada em todo o mundo. Segundo estatísticas de 2007 da FAO, o organismo das Nações Unidas para a agricultura e alimentação, o principal produtor mundial é a Turquia, seguido do Egipto, Irão, Argélia e Marrocos, aparecendo o nosso país em 14.º lugar. Como é sabido, a região portuguesa que está mais associada a este fruto, é o Algarve, mas o mesmo existe em todo o território nacional. O figo pode ser saboreado de diversas maneiras. Nesta altura do ano, é comido em fresco, e há quem o coloque por algumas horas no frigorífico, para tornar-se ainda mais refrescante. Nos restantes meses, é possível degustá-lo passado ou seco. Como exemplos disso, subsistem as tradições de consumir-se figos passados no "Pão por Deus" que é festejado no dia 1 de Novembro e na Páscoa. Através dos seus derivados, pode apreciá-lo em "doce" (compota), em vários tipos de bolo, em aguardente, em licor, entre outros. É caso para dizer que, só não come este delicioso fruto, quem não o quer!
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