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A Fajã dos Padres

por Agricultando, em 26.07.09

Este texto foi publicado no dia 26 de Julho de 2009, na revista "Mais" do Diário de Notícias. Em pleno Verão, em que muitos estão de férias e outros anseiam por esse tão desejado momento, nada melhor que uma sugestão para ocupar esses dias de lazer, contactando de perto com uma exuberante diversidade de frutos subtropicais. Localizada na costa sul da Madeira, a Fajã dos Padres encontra-se delimitada a norte e este pela freguesia da Quinta Grande, concelho de Câmara de Lobos, a oeste pela freguesia de Campanário (à qual pertence), concelho da Ribeira Brava e a sul pelo oceano. Para chegar lá, temos duas alternativas: marítima ou terrestre. Neste último itinerário, percorrida a via rápida até à saída do Cabo Girão/Quinta Grande e seguindo as placas indicadoras, atinge-se o fim de uma estrada local. De seguida, toma-se o elevador panorâmico que em quatro minutos, desce de uma altitude aproximada de 250 metros até à beira-mar, onde está situada esta "língua" de terra fértil. Aí, ao olhar-se por uns momentos para a imponente encosta e depois para o mar, sente-se uma estranha sensação de estar numa ilha encerrada no interior de uma "ilha maior". Abrigada da maioria dos ventos e favorecida por um excepcional microclima, a Fajã dos Padres tem uma área estimada em sete hectares. Ali existem pomares de mangueiro com duas dezenas de variedades diferentes, de abacateiro, um bananal e outras fruteiras dispersas ou em pequenas plantações como por exemplo, os maracujazeiros, as papaieiras, as pitangueiras, as goiabeiras, as figueiras, as tabaibeiras, entre outras. A vinha da casta "Malvasia Cândida" conduzida em pérgulas, é outra das culturas de destaque, sendo muito apreciado o Vinho Malvasia que lá se produz. Ao longo do ano, consoante as espécies agrícolas, o visitante pode contemplar as diversas etapas dos ciclos produtivos como o surgimento dos rebentos, a floração, o desenvolvimento e a maturação dos frutos e a sua colheita. É um mosaico de cores, perfumes e sabores que jamais esquecerá. No restaurante da Fajã dos Padres, além de contar com pratos de peixe fresco, é obrigatório provar as frutas produzidas neste lugar ou as tentadoras sobremesas, das quais realço, o cheesecake com cobertura de polpa de mango ou de pitanga, bem como os refrescantes sumos naturais. O "Elucidário Madeirense" do Pe. Fernando Augusto da Silva e Carlos Azevedo de Meneses, refere que esta fajã “(...) pertenceu noutras épocas aos padres da Companhia de Jesus” e que dali “vinha outrora o melhor vinho malvasia produzido na ilha, cultivando-se também ali o sercial e outras castas de vinha de excelente qualidade”, acrescentando-se que nesse tempo, viveram 50 pessoas naquela localidade. No presente, amigo leitor, está ao seu alcance desfrutar desse ambiente paradisíaco e imaginar como seria a vida dos seus primeiros habitantes.

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publicado às 17:12


O trigo

por Agricultando, em 12.07.09

Este texto foi publicado no dia 12 de Julho de 2009, na revista "Mais" do Diário de Notícias. Uma semana depois da 25.ª edição do festival de folclore "48 Horas a Bailar", realizado em Santana e dedicado ao trigo, o "Agricultando" de hoje versa sobre esta gramínea. É proveniente da região do Crescente Fértil no Médio Oriente, na zona actualmente constituída pela Síria, Jordânia, Turquia e Iraque. Em 2007, de acordo com a FAO, organismo das Nações Unidas para a agricultura e alimentação, este cereal é a terceira cultura agrícola mundial liderada pelo milho e seguida pelo arroz. A China, a Índia, os EUA, a Rússia, a França, o Paquistão e a Alemanha são os principais produtores. Na Madeira, esta cultura foi instalada de imediato aquando do seu povoamento, como alimento base dos nossos antepassados. O "Elucidário Madeirense" do Pe. Fernando Augusto da Silva e Carlos Azevedo de Meneses, confirma essa importância de outrora, dizendo que “o trigo existe em todas as freguesias do arquipélago, (...)”. No presente, a área e a produção deste cereal são muito reduzidas, devido aos custos de produção elevados, optando-se pela importação da totalidade da farinha aqui utilizada. Mesmo assim, segundo o "Recenseamento Geral de Agricultura" de 1999, destacam-se os concelhos da Calheta (freguesias dos Prazeres, Fajã da Ovelha, Ponta do Pargo), Santana, Porto Moniz e Porto Santo, com alguma produção e vestígios nos restantes municípios. Como curiosidade, refira-se que um agricultor, Eleutério Gonçalves Martins da Nóbrega, da freguesia de Santa Maria Maior, concelho do Funchal, dedica-se ao cultivo do trigo há 28 anos, sendo o último a fazê-lo nesta cidade. É por isso, motivo de uma exposição organizada pelo Grupo de Folclore e Etnográfico da Boa Nova, no Centro Cívico de Santa Maria Maior. Em termos culturais, a sementeira realiza-se de Dezembro a Março, conforme a localização geográfica, a altitude e as condições climatéricas locais e, a ceifa decorre em Junho e Julho. É rústica quanto às pragas e doenças, podendo ocorrer no armazenamento dos grãos, ataques do gorgulho e da traça dos cereais, bem como dos ratos e murganhos. Atendendo à diversidade de tipos de trigo existentes na Região e no âmbito do Germobanco Agrícola da Macaronésia da responsabilidade da Associação de Agricultores da Madeira e da Universidade da Madeira e, demais congéneres açorianas e canarianas, procedeu-se ao levantamento, recuperação, conservação, caracterização e aperfeiçoamento dessas espécies e variedades regionais, pela qualidade e produtividade únicas que possuem. Neste momento, o interesse no seu cultivo local serve sobretudo, para garantir a genuinidade dos derivados típicos, como o pão caseiro, o bolo do caco, o bolo de noiva, a sopa de trigo, o cuscuz, o "frangolho" (papas de trigo), entre outros. E, por outro lado, assegurar palha para a cobertura das casas de colmo, características do concelho de Santana. É pois, uma parte do património agrícola regional que deve ser acautelada, através da certificação dos produtos tradicionais atrás mencionados, onde o nosso trigo deve constar como ingrediente obrigatório.

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publicado às 17:50


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