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Textos sobre Agricultura madeirense no Diário de Notícias da Madeira (1.ª série, quinzenal - de 9.9.2007 a 13.6.2010; 2.ª série, mensal, de 30.1.2011 a 29.1.2017; 3.ª série, mensal de 26.2.2017 a ...)
Este texto foi publicado no dia 19 de Abril de 2009, na revista "Mais" do Diário de Notícias. Estamos a menos de uma semana da 54.ª Festa da Flor, que se realiza no Funchal, onde constam a exposição e o concurso de produção florícola regional no Largo da Restauração, o "Muro da Esperança" na Praça do Município e, o cortejo que atrai muitos residentes e forasteiros. É a partir de Abril, que ocorre a floração de diversas espécies, numa exuberante manifestação de cores, perfumes e múltiplas formas, a que ninguém fica indiferente. A esse propósito, este "Agricultando" é dedicado às flores, em especial, as rosas. Localizado na freguesia do Arco de São Jorge, concelho de Santana, o roseiral da Quinta do Arco, pertença do Dr. Miguel Albuquerque, é composto por mais de 1700 espécies e variedades de roseiras, antigas e modernas. Existem 17000 plantas, algumas delas raras, trepadeiras e não trepadeiras, bravas e resultantes de cruzamentos entre espécies, através da hibridação. Este jardim que é um autêntico centro de conservação, experimentação e divulgação, pelo seu vasto património genético e pela actividade experimental na produção de novas variedades de roseira, reveste-se de um grande valor científico e cultural para a Região e para o País. No seguimento desse trabalho desenvolvido ao longo dos tempos, obtiveram-se as roseiras "Quinta do Arco" e "Lagoa", de canteiro e trepadeira, respectivamente. O roseiral que se encontra aberto ao público de Abril a Dezembro, é visitado por inúmeros visitantes, madeirenses e turistas nacionais e estrangeiros. Alguns deles são investigadores universitários, técnicos da área da floricultura, entre outros, de diversas origens, que aproveitam a sua estada na Madeira, para observar e apreciar, uma das maiores colecções de roseiras da Europa. Aqui está mais um bom exemplo que a agricultura, neste caso específico, a floricultura, tem um papel preponderante na economia local, quer pela criação de postos de trabalho quer pela estimulação da hotelaria e restauração da freguesia. Além das flores, é de salientar a produção biológica de hortícolas e frutícolas de clima tropical e subtropical na Quinta do Arco. Lançado em finais de 2006, o livro "Roseiras Antigas de Jardim" da autoria do Dr. Miguel Albuquerque, mostra com detalhe, as roseiras mais importantes da colecção atrás referida e conta a história do aparecimento do roseiral da Quinta do Arco. O seu conhecimento e afeição profundos pela rosa, que muitos consideram a "Rainha das Flores", contribui para que a Madeira seja mais conhecida e visitada.
Este texto foi publicado no dia 5 de Abril de 2009, na revista "Mais" do Diário de Notícias. O physalis na Madeira é conhecido como tomate lagartixa. Na costa norte é designado por tomate barrela e nos Açores chamam-no tomate capucho, uma vez que o cálice (termo botânico para definir o conjunto das sépalas) envolve uma baga de cor alaranjada, lembrando um capucho. Na Região, é comum vê-lo nas paredes dos poios, por entre as pedras de basalto, considerando-se uma planta herbácea subespontânea, dada a facilidade em propagar-se. Prefere zonas soalheiras, podendo encontrar-se na vertente sul, do litoral até aos 500 metros de altitude e na encosta norte da ilha até aos 180 metros de altitude. Quanto à fitossanidade é uma espécie rústica, isto é, resistente a pragas e doenças, estando ajustada ao modo de produção biológico. A colheita decorre na Primavera e no Verão, conforme a localização geográfica, a altitude e as condições climatéricas locais. Segundo a obra "Fruticultura Tropical – Espécies com frutos comestíveis" do Professor Doutor José Eduardo Mendes Ferrão, o tomate lagartixa é oriundo da América do Sul, mais concretamente da região andina, caracterizada pelo clima subtropical. É muito cultivado na Colômbia e na Bolívia, estando actualmente presente em todos os continentes. A África do Sul é um dos países onde a cultura está ambientada, sendo muito apreciada quer em fresco, quer em transformado. Na Europa, é produzido no sul e em Portugal, nos Açores e na Madeira e, pontualmente no continente. Este fruto tem um potencial enorme, quando é confeccionado como um delicioso "doce" ou compota, um refrescante gelado ou um licor de aroma e sabor ímpares. O "Elucidário Madeirense" do Pe. Fernando Augusto da Silva e Carlos Azevedo de Meneses, já sublinhava as suas qualidades gustativas e de transformação excepcionais, nomeadamente o "doce", por ser “muito saboroso”. O physalis é muitas vezes aproveitado para ornamentar pratos devido ao pormenor do capucho, dando-lhes um toque de requinte. Noutros tempos, era habitual na Madeira, usar-se a baga quando estava verde, esmagando-a e misturando com outras ervas para "corar" (tornar as roupas mais brancas) os lençóis e outra roupa branca, bem como na fiação do linho. Em 1998, realizaram-se ensaios de adaptação de variedades desta espécie com sucesso, na Divisão de Fruticultura da Direcção Regional de Agricultura. Em suma, a Região possui excelentes condições de cultivo para o tomate lagartixa, devendo o seu plantio ser incentivado, por ser rentável para o agricultor. É pois, mais uma oferta exótica de perfume e paladar distintos para o residente e para o visitante, que o podem provar ao natural ou em tentadores derivados.
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