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Textos sobre Agricultura madeirense no Diário de Notícias da Madeira (1.ª série, quinzenal - de 9.9.2007 a 13.6.2010; 2.ª série, mensal, de 30.1.2011 a 29.1.2017; 3.ª série, mensal de 26.2.2017 a ...)
Este texto foi publicado no dia 22 de Fevereiro de 2009, na revista "Mais" do Diário de Notícias. O título deste "Agricultando" pertence ao livro da autoria do Chefe de Cozinha Octávio Freitas, editado em Outubro de 2008 pela Fábrica de Mel de Cana do Ribeiro Sêco de Vasco Melim, Lda., com uma tiragem de 2 500 exemplares na sua primeira edição. Esta publicação de 185 páginas, com um grafismo muito apelativo e magnificamente ilustrado, apresenta-nos 61 receitas, onde o mel de cana da Madeira é o "actor principal". A parte inicial da obra dedica um capítulo sobre a história da cana-de-açúcar na Madeira, bem como a génese do Engenho do Ribeiro Sêco em 1883 levada a cabo por Aluísio César de Betencourt e a sua evolução até aos dias de hoje, como Fábrica de Mel de Cana do Ribeiro Sêco. Cabe aqui referir que ao longo dos tempos, a empresa tem-se mantido na mesma família do fundador. Há um ano, quando abordei o mel de cana neste espaço, escrevi que era fundamental que, a restauração e a hotelaria da Região continuassem a inovar e a aproveitar as potencialidades deste transformado. Só assim é que se aumenta o seu consumo, garantindo dessa forma, um maior rendimento para os agricultores que se dedicam ao cultivo da cana doce. O livro "Receitas com Mel-de-Cana" que é fruto de uma parceria entre um chefe de cozinha e uma empresa transformadora do sector, é um excelente exemplo dessa criação. Nas seis dezenas de receitas, é notório que Octávio Freitas teve o cuidado de incluir produtos agrícolas regionais de excelência, como a banana, a anona, o maracujá, a castanha, a batata doce, o inhame e a frescura das nossas ervas aromáticas. Com o mel de cana omnipresente nos pratos de entrada, de peixe, de carne, de sobremesa, de doçaria e bebidas, este Chefe de Cozinha descobre novas iguarias e novos hábitos de consumo deste derivado da cana sacarina, contribuindo assim para a renovação da gastronomia tradicional madeirense. Em pleno Carnaval, o mel de cana é utilizado em todas as casas da Região, para acompanhar os "sonhos" e as "malassadas", cujos aromas e sabores dão mais alegria a estes dias de folia. Agora, com esta sugestão, amigo leitor, tem mais motivos para confeccionar pratos com este derivado natural da cana-de-açúcar durante todo o ano.
Este texto foi publicado no dia 8 de Fevereiro de 2009, na revista "Mais" do Diário de Notícias. Como é sabido, a cenoura é consumida nas mais variadas formas. Pode ser apreciada crua, inteira ou como parte de uma salada. Quando é cozida, serve-se como sopa, acompanhamento de um prato principal, num refogado ou transformada num delicioso bolo. Além disso, é comum fazer-se sumo de cenoura ao qual se adiciona por vezes, sumo de laranja. É importante ter em conta que este legume deve ser raspado em vez de descascado, para aproveitar ao máximo o seu valor nutritivo e vitamínico. A indústria agro-alimentar utiliza-a para a alimentação infantil e mais recentemente, em produtos de IV Gama como as saladas e as sopas. O que se come na cenoura é a raiz, sendo vendida sem as folhas ou a "rama", como é designada entre nós. O ciclo natural desta cultura é bienal, isto é, prolonga-se de um ano para o outro. No primeiro ano, produz a reserva de raízes, ou seja, a cenoura. No segundo ano, a planta floresce, frutifica e dá sementes. Esta hortaliça que é cultivada há mais de 2 000 anos, tem origens europeia e asiática. É considerada por muitos, como a "Rainha dos vegetais". Na Madeira, a sementeira de cenoura ocorre preferencialmente de Fevereiro a Novembro, devendo os agricultores escolher sempre, sementes de variedades certificadas. As variedades mais cultivadas e melhor adaptadas à Região são a "Chantenay" e a "Nantes". A primeira que predomina na nossa terra e tem melhor aceitação por parte do consumidor, tem forma cónica e resiste bem ao manuseamento e ao transporte e, a segunda é cilíndrica e mais comprida, mas menos resistente que a "Chantenay". Os principais amanhos culturais são a monda, as sachas, o desbaste e a rega. As pragas mais habituais são os nemátodos e a mosca da cenoura e as doenças mais frequentes são o oídio e uma bacteriose que surge próximo da colheita e durante o armazenamento. Para evitar esta última doença e os nemátodos, é conveniente não semear esta hortícola na mesma parcela ao longo dos anos. A colheita decorre de Janeiro a Julho, entre 75 a 100 dias após a sementeira, consoante a localização geográfica, a altitude e as condições climatéricas locais. Apesar de agricultada em toda a Região, os concelhos com maior produção de cenoura são os do Porto Moniz, Ponta do Sol e Calheta, mais concretamente no sítio da Santa e nas freguesias dos Canhas e da Fajã da Ovelha, respectivamente.
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