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Textos sobre Agricultura madeirense no Diário de Notícias da Madeira (1.ª série, quinzenal - de 9.9.2007 a 13.6.2010; 2.ª série, mensal, de 30.1.2011 a 29.1.2017; 3.ª série, mensal de 26.2.2017 a ...)
Este texto foi publicado no dia 23 de Novembro de 2008, na revista "Mais" do Diário de Notícias. A apicultura é a arte de criar abelhas e de aproveitar os seus produtos. Este insecto simpático e muito organizado "dá-nos" mel, pólen, própolis, geleia real, veneno, entre outros e promove a polinização de muitas culturas hortícolas e frutícolas, com ganhos evidentes para o agricultor. Esta actividade é desempenhada por muitos agricultores madeirenses, pois a mesma reveste-se de um importante complemento para a agricultura e para o orçamento familiar. Em termos de sanidade apícola, este insecto é afectado principalmente pela varroose, provocada por um pequeno ácaro, que surgiu na Madeira há cerca de 6 a 7 anos e que na sequência de tratamentos anuais para controlá-la, está estabilizada. Cabe aqui sublinhar que um maneio assíduo e cuidado do apiário, que é o conjunto das colmeias, previne o aparecimento de outras pragas e doenças. Mas o momento mais especial numa colmeia, é a colheita do mel, que se denomina de cresta. Para "obtê-lo", utiliza-se um extractor que actua por centrifugação. A Direcção Regional de Agricultura e Desenvolvimento Rural, dispõe de técnicos que, nesta época colaboram com os interessados nas crestas e ao longo do ano, a nível de assistência técnica. A Região, graças ao seu relevo, clima e flora, proporciona diferentes méis, de grande qualidade e que são muito apreciados. Pode considerar-se cinco tipos de méis, consoante a sua proveniência geográfica: litoral norte, litoral sul, montanha, Laurissilva e do Porto Santo. A maioria são multiflora, ou seja, derivam de várias espécies espontâneas, agrícolas ou florestais. Para além do seu consumo só por si, como medicamento natural, é utilizado na doçaria, bem como no nosso tradicional "cocktail", a poncha. Em 2007, a produção regional de mel foi de 40 toneladas, estando o sector em expansão, sobretudo pelo aumento de colmeias por apicultor. Existe uma única cooperativa de apicultores, a Apimadeira, que conta com 283 associados e 2500 colmeias, representando mais de 85% do total de apicultores. Esta cooperativa presta apoio técnico e comercial aos sócios e aposta na divulgação junto das escolas, nos diferentes níveis de ensino, marcando presença em certames e feiras agrícolas que se realizam por toda a ilha. No dia 7 de Dezembro, no salão paroquial da freguesia dos Canhas, concelho da Ponta do Sol, celebra-se a Festa de Santo Ambrósio. Nesse dia, realizam-se algumas iniciativas como a eucaristia em devoção ao santo padroeiro dos apicultores, uma palestra técnica e um convívio entre os homens e mulheres que se dedicam a esta nobre actividade.
Este texto foi publicado no dia 9 de Novembro de 2008, na revista "Mais" do Diário de Notícias. A "Madeira Agrícola" é uma iniciativa conjunta da Associação Santana Cidade Solidária e da Associação de Jovens Agricultores da Madeira e do Porto Santo, no âmbito do programa comunitário Interreg IIIB, Madeira, Açores e Canárias. Conta também com o apoio da Secretaria Regional do Ambiente e dos Recursos Naturais através da Direcção Regional de Agricultura e Desenvolvimento Rural. Os objectivos deste projecto passam, por ajudar o agricultor de pequena dimensão, a escoar as suas produções ao melhor preço de mercado, fomentar a diversidade agrícola para ir de encontro às necessidades das grandes superfícies da Região e do consumidor e, ser pago no próprio dia em que vende os seus produtos agrícolas. Potenciar a produção agro-pecuária regional, incentivar a criação de empresas ligadas ao sector, promover as boas práticas agrícolas e regular as produções agrícolas para proveito do agricultor, são outras das metas a alcançar. É sabido que a nossa agricultura, grosso modo, é de origem familiar, isto é, a mão-de-obra é o próprio proprietário e o seu agregado familiar e, os terrenos são de pequena dimensão e dispersos. Em suma, a "Madeira Agrícola" quer concentrar as pequenas produções agrícolas, para que tenha um volume de produção significativo, que justifique o interesse por parte do mercado, estabelecendo o elo entre a produção e a comercialização. Neste momento, a "Madeira Agrícola" tem na sua "carteira de clientes", 60 a 70 "pequenos" agricultores, que produzem essencialmente hortícolas. O apoio logístico de recolha, normalização e embalamento destes produtos, é realizado pelo Centro de Abastecimento Agrícola de Santana (CASAN), mais conhecido por "Mercado de Santana". Começou-se no concelho de Santana, mas a médio e longo prazo é pretensão dos promotores, expandi-la a toda a Região. Este projecto e outros semelhantes a este, que existem na Região, só terão sucesso, se todos nós, consumidores, comprarmos as nossas hortícolas, as frutas, as flores, o vinho, o mel-de-cana, o mel, a excelente doçaria, o pão, entre outros. É tempo de criar mais riqueza entre nós, porque ao adquirirmos produtos madeirenses, estamos a contribuir para o fortalecimento da economia regional, para o bem-estar e qualidade de vida de todos, que resulta num efeito multiplicador positivo, quer para o residente quer para o turista, que procura sempre na gastronomia local, na paisagem agrícola humanizada “aquilo que a terra (leia-se Madeira) dá”.
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