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Textos sobre Agricultura madeirense no Diário de Notícias da Madeira (1.ª série, quinzenal - de 9.9.2007 a 13.6.2010; 2.ª série, mensal, de 30.1.2011 a 29.1.2017; 3.ª série, mensal de 26.2.2017 a ...)
Este texto foi publicado no dia 14 de Setembro de 2008, na revista "Mais" do Diário de Notícias. Antes de caracterizar a variedade regional "Domingos", quero esclarecer que a diferença entre pêro e maçã, está na relação entre a altura e o diâmetro do fruto. Quando este é mais alto que largo, é um pêro. Quando o mesmo é mais largo que alto, é uma maçã. Mas ambos são maçãs, podendo considerar-se a denominação pêro, como um regionalismo que diferencia um fruto "alto" de outro "achatado". Esta distinção também está explicada no "Elucidário Madeirense" do Pe. Fernando Augusto da Silva e Carlos Azevedo de Meneses, acrescentando-se que “(...) As melhores maçãs vêm da Camacha, de Santo António da Serra e doutras localidades altamente situadas da ilha, ao passo que os pêros se encontram por toda a parte, sendo alguns deles bastante saborosos depois de maduros”. No relatório de estágio de 1996 do Engenheiro Agrícola Adriano Maia da Direcção Regional de Agricultura e Desenvolvimento Rural (DRADR), para ingresso na carreira técnica superior e segundo informação do Prof. Manuel "Neto", Presidente da Junta de Freguesia do Jardim da Serra, concelho de Câmara de Lobos, este pêro foi introduzido há muitos anos naquela freguesia, por um comerciante de fruta chamado Domingos. Conta-se que certo dia, encontrou uns frutos saborosos e aromáticos, numa pequena macieira, no Lugar da Serra, freguesia de Campanário, concelho da Ribeira Brava, colheu-os em Novembro/Dezembro e guardou-os, tendo constatado que, se conservaram muito bem até à Páscoa. Desde então, o "Pêro Domingos" foi propagado por enxertia e actualmente encontra-se em muitas freguesias da Madeira, embora ainda predomine no Jardim da Serra. Os técnicos da DRADR de há uns tempos a esta parte, recomendam esta variedade para os novos pomares de macieira, por ser produtiva e ter escoamento garantido no mercado regional. Colhidos habitualmente em Novembro, os frutos maduros apresentam uma coloração vermelho-alaranjado, polpa suculenta e firme, de sabor e aroma únicos, conservando-se por 4 a 5 meses. No que concerne à fitossanidade, considera-se o "Pêro Domingos" resistente. Por vezes, as pragas mais frequentes são o bichado da fruta, os ácaros e os afídeos e, as doenças mais comuns são o oídio, que surge na rebentação nova e ocasionalmente o pedrado. Este fim-de-semana e no próximo, decorrem dois eventos alusivos a estes frutos. São respectivamente, a XVIII Mostra da Sidra no Santo da Serra e a XXIV Festa do Pêro na Ponta do Pargo, organizados pelas devidas Casas do Povo. São excelentes oportunidades para nos inteirarmos das tradições e costumes locais associados à cultura da macieira, das técnicas culturais mais recentes promovidas pelos serviços oficiais e, nos deliciarmos com os pêros e seus derivados e iguarias.
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