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Textos sobre Agricultura madeirense no Diário de Notícias da Madeira (1.ª série, quinzenal - de 9.9.2007 a 13.6.2010; 2.ª série, mensal, de 30.1.2011 a 29.1.2017; 3.ª série, mensal de 26.2.2017 a ...)
Este texto foi publicado no dia 25 de Maio de 2008, na revista "Mais" do Diário de Notícias. O significado de Germobanco Agrícola, pode ser resumido em poucas palavras como "banco de sementes e plantas" de interesse agrícola, isto é, um "local" onde estão "guardadas" e plantadas as melhores culturas regionais. Este projecto engloba diversas entidades das regiões da Madeira, Açores e Canárias e visa sobretudo, proteger a biodiversidade da agricultura tradicional da Macaronésia. Neste "agricultando", incidiu-se apenas no Germobanco respeitante à Madeira. Ao longo dos tempos, o Homem introduziu nestas ilhas, culturas que adaptaram-se às características do solo e do clima e, dada a resistência genética das mesmas, continuam a existir. O agricultor madeirense foi quem conservou as melhores sementes de diversos cultivos, passando-as de geração em geração. No entanto, sem um trabalho de recuperação, conservação, caracterização e aperfeiçoamento, as mesmas poderiam desaparecer devido a diversos factores. Graças ao Germobanco Agrícola, cujos parceiros regionais são a Associação de Agricultores e a Universidade da Madeira em colaboração estreita com as congéneres açorianas e canarianas, fizeram já um trabalho de inventariação e caracterização de espécies autóctones, endémicas e adaptadas, destacando-se os alhos, as favas, as ervilhas, as lentilhas (muito cultivadas no Porto Santo), os feijões e as figueiras. A selecção e saneamento de variedades regionais de batata doce, cebola, cerejeira e macieira são importantes, pois estas ao serem fornecidas aos agricultores, irão garantir boas produções e consequente aumento dos seus rendimentos. A conservação de fruteiras com interesse regional como as pereiras, os pereiros e os pessegueiros é outra das prioridades, pois as mesmas estão adaptadas às condições climatéricas locais. Aqui, a Direcção Regional de Agricultura e Desenvolvimento Rural e outrora, a Estação Agrária da Madeira, realizaram um trabalho fundamental na selecção das melhores variedades de cada espécie frutícola. A experimentação e a multiplicação de culturas como o trigo e o milho são outras das vertentes deste estudo, pois estas têm uma grande multifuncionalidade. São usadas na alimentação humana e animal e os restos das suas culturas têm várias aplicações, quer no próprio solo, quer por exemplo, na arquitectura tradicional. Todos estes trabalhos levados a cabo e em curso, têm como meta, assegurar às gerações vindouras, o que de melhor a Madeira tem em termos agrícolas e que são únicos no Mundo.
Este texto foi publicado no dia 11 de Maio de 2008, na revista "Mais" do Diário de Notícias. Na Madeira, ao ouvirmos falar de cebola, lembramo-nos sempre do Caniço. De 16 a 18 de Maio, realiza-se a 11.ª Festa da Cebola em pleno centro desta jovem cidade do concelho de Santa Cruz. Organizada pelo Grupo Musical e Cultural dos Reis Magos, com o apoio da Casa do Povo e da Junta de Freguesia locais, bem como da Secretaria Regional do Ambiente e dos Recursos Naturais tem como intuito, divulgar este produto agrícola de excelência e enaltecer o trabalho realizado pelo agricultor. Apesar do evidente crescimento populacional e habitacional verificado nos últimos anos, o Caniço ainda mantém algumas áreas agrícolas bem definidas e preservadas. Neste certame, o cortejo alegórico alusivo à cebola, é considerado o seu ponto alto, pois a criatividade e originalidade dos carros alegóricos e dos figurantes, merece uma especial atenção do visitante. Durante esses três dias pode apreciar as iguarias feitas com cebola e adquirir cebola de elevada qualidade. A data de introdução deste bolbo no arquipélago é desconhecida, mas é cultivada há muito tempo, na Madeira e no Porto Santo. O concelho de Santa Cruz é o que concentra grande parte da produção. O ciclo cultural começa com a sementeira em canteiros, para se obter as plântulas de cebola ou o "cebolinho", como é conhecido entre nós. Nas zonas de baixa altitude, a plantação ocorre normalmente em Dezembro e a colheita entre Abril e Maio, sendo essa cebola chamada "do cedo" ou temporã. Nas zonas de média a alta altitude, a plantação efectua-se de uma forma geral entre Fevereiro e Março e, a apanha entre Junho e Julho, sendo essa cebola denominada "do tarde" ou serôdia. Em termos fitossanitários, aparecem casualmente, doenças como o míldio e podridões dos bolbos provocadas por bactérias e fungos. Actualmente, a cebola é comercializada avulso ou em sacos de manga-rede, mas na nossa terra é frequente comprar os tradicionais "cabos" de cebola, que são as folhas secas entrançadas com os bolbos. As variedades regionais mais importantes são a "Cebola Vermelha da Camacha", a "Cebola Branca do Caniço", a "Pião" e a "Bujanico". A "Garrafal" e a "Valenciana", foram introduzidas na Região na década de 30 do século passado.
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