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Textos sobre Agricultura madeirense no Diário de Notícias da Madeira (1.ª série, quinzenal - de 9.9.2007 a 13.6.2010; 2.ª série, mensal, de 30.1.2011 a 29.1.2017; 3.ª série, mensal de 26.2.2017 a ...)
Este texto foi publicado no dia 7 de Março de 2010, na revista "Mais" do Diário de Notícias. Num momento doloroso desta Região, após o trágico temporal de 20 de Fevereiro de 2010, é importante abordar a vertente agrícola e as consequências nefastas resultantes de um inverno "à antiga", que tem ocorrido desde Dezembro de 2009 até ao presente. A chuva e o vento intensos têm prejudicado muitas culturas, quer ao ar livre, quer em estufa. As hortícolas e as fruteiras precisam de água, mas também de um determinado número de horas de sol e temperatura constantes, para que se complete o ciclo cultural. Além disso, a acção nociva do vento nas plantas (em especial nas bananeiras) e nas estufas provocou enormes danos que impedem que se tire proveito das mesmas. Os poios (regionalismo para designar os socalcos) que estão saturados de água, desmoronaram-se, originando deslizamentos de terras e destruição de paredes de pedra aparelhada construídas ao longo de gerações. Contudo, é necessário ter esperança num futuro agrícola melhor, que se deseja o mais breve possível. No pós 20 de Fevereiro, apesar da escassez de hortofrutícolas regionais devido ao inverno rigoroso, verificou-se uma resposta solidária de alguns agricultores madeirenses que ofereceram produtos agrícolas a instituições de solidariedade social, para acudir às necessidades alimentares de pessoas que perderam as suas casas e terrenos agrícolas. Por outro lado, é essencial que essa ajuda funcione ao contrário, ou seja, é nosso dever, como consumidores, comprar as verduras e frutas locais, pois assim estaremos a ajudar a nossa economia rural. Se houve algum produto que aumentou de preço, em vez de se comprar um quilo, compra-se menos, mas adquire-se o que é regional. Ao fazê-lo, caro leitor, contribui para a sobrevivência da Agricultura madeirense, que atravessa um período muito difícil. Sublinhe-se também, que a Secretaria Regional do Ambiente e dos Recursos Naturais, através da Direcção Regional de Agricultura e Desenvolvimento Rural (DRADR), está a receber dos agricultores, as declarações dos prejuízos que estes tiveram. Estão previstos apoios comunitários na ordem dos 85 por cento a fundo perdido para a reposição das explorações agrícolas. Porém, a recuperação efectiva levará largos meses. Na segunda-feira a seguir àquele sábado fatídico, o Mercado Abastecedor de São Martinho, recebeu os recheios dos "Pingo Doce" do Dolce Vita e do Anadia Shopping, que ficaram soterrados, mas que após a lavagem da lama, eram aproveitáveis. Ali, teve lugar um meritório trabalho levado a cabo pela Associação de Desenvolvimento Comunitário do Funchal e coordenado pelo seu Presidente, Arquitecto Paisagista Ricardo Silva e a sua equipa de colaboradores, coadjuvada por mais de cinco centenas de voluntários de diferentes idades e profissões, bem como pelos funcionários daquele Mercado e de outros serviços da DRADR. Foi impressionante o espírito de união abnegado de todos com o objectivo de constituir cabazes de produtos para os mais carenciados. O Mercado Abastecedor de São Martinho é um mercado grossista de hortofrutícolas, mas naquele período desempenhou um notável papel social, como centro de distribuição de alimentos às famílias mais afectadas pela tempestade de 20 de Fevereiro de 2010. A todos, um bem-haja!
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