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Textos sobre Agricultura madeirense no Diário de Notícias da Madeira (1.ª série, quinzenal - de 9.9.2007 a 13.6.2010; 2.ª série, mensal, de 30.1.2011 a 29.1.2017; 3.ª série, mensal de 26.2.2017 a ...)
Este texto foi publicado no Diário de Notícias, no dia 30 de Abril de 2023.
Ao longo do tempo surgiram publicações e secções periódicas sobre a agricultura do Arquipélago da Madeira, das quais já demos conta de algumas nesta página como o boletim "Frutas da Madeira" e "Agricultura Regional" (no Diário de Notícias da Madeira) publicados entre Abril de 1941 e Janeiro de 1958 e 15 de Julho de 1989 e 26 de Junho de 1993, respectivamente. Hoje, recuperamos o "Suplemento Agrícola" do Boletim Distrital editado pela Junta Geral do Distrito Autónomo do Funchal de Janeiro de 1958 a Dezembro de 1972, pelo que nos foi dado a conhecer. No "Editorial" do número 1 de Janeiro de 1958 lê-se que «Com o presente número se dá início à publicação do Suplemento Agrícola, do Boletim Distrital, o qual tem por objectivo: vulgarizar conhecimentos úteis aos agricultores e informar da actividade dos serviços agrícolas e pecuários do distrito». Os Técnicos da Estação Agrária da Madeira e da Intendência de Pecuária do Funchal contribuíam com artigos técnicos dedicados aos agricultores, no sentido de melhorar o seu desempenho na exploração agrícola. A "Adubação da vinha", os "Principais cuidados na plantação das árvores de fruto", "Conselhos aos avicultores" e "Campanha de Sanidade Pecuária" foram os textos que deram forma ao número de estreia com quatro páginas. A divulgação dos serviços prestados pelos Postos Agrários e Núcleos de Sanidade Vegetal distribuídos pelas Ilhas da Madeira e do Porto Santo era regularmente feita no suplemento, com o intuito de transmitir atempadamente aos interessados a realização de determinados amanhos culturais como podas, enxertias e tratamentos fitossanitários, bem como da existência de serviços de assistência técnica apícola.
(Direitos Reservados)
Dos Técnicos que colaboraram com o "Suplemento Agrícola" destacam-se os Engenheiros Agrónomos António Teixeira de Sousa, então Presidente da Junta Geral do Distrito Autónomo do Funchal, Rui Vieira e Renato Gouveia da Estação Agrária da Madeira, Engenheiro Técnico Agrário Francisco Xavier e do Médico Veterinário, Dr. Carlos França Dória. Ao lermos os suplementos ficamos com uma ideia das culturas, pragas e doenças e das práticas culturais mais importantes, da alimentação dos animais de criação, das suas doenças e tratamentos, assim como da execução de ensaios experimentais e de eventos naquela época. A introdução de novas variedades de hortícolas como a semilha, o tomate, entre outras, de fruteiras, em especial de pessegueiro e de vinha realizavam-se com alguma frequência. Depois de serem observadas nos postos agrários durante algum tempo e consoante a sua adaptação às condições climáticas e de solo locais, eram recomendadas aos agricultores, no sentido de aumentar a qualidade e o rendimento. A floricultura, dada a sua importância económica e ornamental presente nos quintais das casas, teve destaques exclusivos nesta publicação como foi o caso da cultura das orquídeas, antúrios, roseiras, estrelícias, entre outras. A cana-de-açúcar e o tratamento contra o "bicho" da cana com Endrin no final da década de 50, início da década de 60 do século passado, um insecticida muito tóxico que mais tarde foi retirado dada a sua elevada perigosidade para o aplicador. As adubações das hortícolas, árvores de fruto e da vinha e a correcção da acidez dos solos com a aplicação do calcário moído. A produção de árvores de fruto nos viveiros da Estação Agrária da Madeira para depois serem vendidas a preços simbólicos e algumas entregues gratuitamente como medida de incentivo ao plantio. As tosquias das ovelhas no mês de Junho foi notícia de relevo e era no Paul da Serra que se verificavam as maiores concentrações de animais, proporcionando um convívio dos pastores e proprietários do gado e familiares, num ambiente de autêntico arraial. A produção de queijo de ovelha e o aproveitamento do leite que não tinha uso, foi motivo de regozijo por este ter «[…] o aspecto e o sabor do tão característico "queijo da Serra", produzido no Continente». A Exposição e Feira de Gado do Porto Moniz (actual Feira Agro-pecuária do Porto Moniz), a Feira de Gado em Santana, a Feira de Gado da Ponta do Sol (na freguesia dos Canhas) e a Feira de Gado em São Vicente, que aconteceram pela primeira vez a 19 de Agosto de 1962, a 6 de Julho de 1963 e a 11 de Agosto de 1963, respectivamente, demonstram bem a pujança que a pecuária regional tinha há cerca de 60 anos. A título de curiosidade o "Suplemento Agrícola" de Julho de 1963 realçava o I Curso de Condutores de Motocultivadores, o que revela que os serviços oficiais já estavam atentos à necessidade de modernizar e mecanizar a agricultura regional. O número 139 de Julho de 1969 noticiava a realização do primeiro curso de aplicação de plásticos na agricultura a nível nacional, e ministrado pelo Engenheiro Agrónomo Cláudio Bugalho Semedo do Jardim Agrícola do Ultramar, na Quinta do Bom Sucesso (actual Jardim Botânico da Madeira – Engenheiro Rui Vieira). Por outras palavras, tratava-se de divulgar a utilização de plásticos para cobrir o solo, a construção de abrigos, túneis, estufas, reservatórios de água, rega, drenagem, entre outros.
À distância de mais de 50 a 60 anos, não obstante uma ou outra informação que se desactualizou, é notável encontrarmos textos que mostram uma certa visão do futuro que é o presente, o que desperta a consulta e leitura atentas.
Este texto foi publicado no Diário de Notícias, no dia 26 de Março de 2023.
Neste mês em que se assinalou a 32.ª edição da Exposição Regional da Anona nos dias 11 e 12, na freguesia do Faial, concelho de Santana, vem bem a propósito divulgar uma publicação técnica sobre a "A Polinização Manual na Cultura da Anoneira" (disponível em https://dica.madeira.gov.pt/images/DICA/2023/519/polinizacao_manual_anona_V_DICAs.pdf). A anoneira é uma fruteira de clima subtropical oriunda dos vales da Cordilheira dos Andes do Peru e Equador, que encontrou óptimas condições de desenvolvimento na Ilha da Madeira. Tudo indica que se trouxeram sementes de anona do Peru para a Região, por volta de 1600, e que estas medraram com facilidade. No decorrer dos tempos, as condições climáticas de temperatura e humidade relativa do ar, quer da costa sul quer da costa norte da Madeira, embora com diferentes limites de altitude máxima nas duas vertentes, promoviam na fase da floração, a auto-polinização, dando-se a fecundação e posterior vingamento dos frutos. Todavia, nos últimos 12 anos, assistimos a alterações climáticas locais, nomeadamente da temperatura e dos teores de humidade relativa do ar inferiores a 60-70%, com maior impacto nos mais recentes seis anos, que diminuiu substancialmente a auto-polinização e por consequência o vingamento do fruto. Desse modo, tornou-se quase obrigatória a aplicação da técnica da polinização manual na anoneira, na Ilha da Madeira, para que se tenha produção, amanho cultural que sempre foi tido em conta em Espanha e no Chile, dois dos maiores produtores mundiais de anona. Assim, a Secretaria Regional de Agricultura e Desenvolvimento Rural através da Direcção Regional de Agricultura e Desenvolvimento Rural e da Direcção de Serviços de Desenvolvimento Agronómico/Divisão de Assistência Técnica Agronómica elaboraram um folheto técnico sobre "A Polinização Manual na Cultura da Anoneira".
Com o objectivo de adaptar-se às limitações decorrentes das alterações climáticas, a publicação da autoria do Director de Serviços de Desenvolvimento Agronómico, Engenheiro Agrónomo Rui Nunes, da Engenheira Agrícola Aurélia Sena e demais equipa, explica detalhadamente através da técnica da polinização manual, como obter mais produção, qualidade e rendimento, com frutos maiores e uniformes (preferencialmente em forma de coração), bem como quando combinada com a poda, ter a possibilidade de dispor de uma época de apanha escalonada ou mais concentrada no tempo, de acordo com o interesse do produtor em relação ao mercado. Atendendo que a intervenção é feita na flor da anoneira, importa saber que esta é hermafrodita, isto é, tem os dois sexos, a parte feminina e a parte masculina. Contudo, a flor tem um comportamento dicogâmico protogínico, ou seja, a parte feminina está receptiva ao pólen, mas a parte masculina ainda não está funcional. Só em determinadas condições de temperatura e de humidade relativa do ar é que há a sobreposição da maturidade sexual das partes feminina e masculina na mesma flor, ocorrendo assim a auto-polinização e posterior vingamento. A flor apresenta três fases distintas: estado pré-feminino, estado feminino e estado masculino. Permanece aberta entre 28 e 36 horas, das quais dois terços correspondem primeiro ao estado feminino, depois da abertura até ao meio-dia do dia seguinte, e um terço no estado masculino, que acontece sempre a partir das três às quatro horas da tarde. Para executar a polinização manual de uma forma cómoda e prática, é necessário que os pomares de anoneira sejam podados, por forma a que as árvores tenham um porte baixo até uma altura de 2 metros e meio. Na polinização manual são precisos dois passos: recolher o pólen e polinizar as flores que estão no estado feminino. A recolha do pólen pode ser feita em flores no estado feminino ou masculino, mas quer uma quer outra, pressupõe dois dias, o primeiro para a recolha e o segundo para a sua aplicação em flores no estado pré-feminino ou feminino. Nestes trabalhos é recomendado o uso de um pincel redondo números 3 ou 4, com pelos suaves, que se adquire numa papelaria ou numa loja de artigos de pintura e desenho. Nos ramos da anoneira, deve dar-se preferência às flores que se encontram mais perto da sua base, distanciadas 15 a 20 centímetros, de acordo com o vigor dos ramos. A título orientativo, e para que haja equilíbrio entre a carga de flores a polinizar e o vigor e idade da árvore, podemos considerar cerca de 200 a 250 flores para uma anoneira de 8 a 10 anos de idade, e de 250 a 450 flores para árvores com mais de 10 anos de idade, com distribuição uniforme pela copa. Uma vez que a polinização manual garante uma produção elevada e regular, o produtor deve realizar as podas, regas e fertilizações (no solo e foliares) para que a árvore possa suportar capazmente o número de frutos.
Para obter mais informações sobre esta importante prática cultural decisiva para conseguir uma boa produção de anona, consulte o folheto em apreço ou contacte a Divisão de Assistência Técnica Agronómica, localizada no Caminho das Voltas, n.º 11 (acima do Jardim Botânico da Madeira – Eng.º Rui Vieira), no Bom Sucesso, no Funchal ou através do telefone 291211260.
Este texto foi publicado no Diário de Notícias, no dia 26 de Fevereiro de 2023.
Por iniciativa da então Secretaria Regional do Ambiente e dos Recursos Naturais (actual Secretaria Regional de Agricultura e Desenvolvimento Rural) através da Direcção Regional de Agricultura e Desenvolvimento Rural (DRA), surgia a 20 de Fevereiro de 2013, o número 1 do boletim digital, DICA – Divulgação de Informação do Comércio Agro-alimentar, com periodicidade semanal. A escolha do nome DICA cuja palavra significa indicação útil e proveitosa sobre algo, era a síntese daquilo que se pretendia transmitir ao leitor, produtor, empresário do comércio agro-alimentar ou interessado na actividade agrícola. Outrora, os serviços tiveram uma publicação semelhante que era editada em suporte papel, o INCA (Informação sobre o Comércio Agro-alimentar), mas tinha a limitação de chegar a um número reduzido de leitores e conter alguma informação desactualizada no que diz respeito às cotações e preços dos produtos, quando comparado com o universo de leitores e a rápida actualização do DICA, na internet. De acordo com o editorial do primeiro número, o Engenheiro Bernardo Melvill de Araújo, naquela altura Director Regional de Agricultura e Desenvolvimento Rural, afirmava que «[…] este boletim digital agregará todo o manancial de dados indispensável a quem vende e compra produtos agrícolas, relacionando todos os elos e conferindo a adequada capacidade negocial a todos os possíveis intervenientes como, igualmente, fornecerá elementos importantes à decisão de quem quer produzir o que o mercado mais valoriza, e em que períodos». Esta publicação coordenada pela Engenheira Cláudia Dias Ferreira no passado e pela Dr.ª Cecília Aguiar no presente, tem como principal objectivo divulgar as cotações e os preços registados desde o produtor, o mercado grossista até ao mercado retalhista. Além da informação comercial, os artigos técnicos de agricultura, pecuária e desenvolvimento rural elaborados pelos Técnicos da DRA, são presença habitual. O número de estreia incidiu sobre a cultura da couve, as suas variedades, locais de produção, formas de consumo, entre outras curiosidades.
(Direitos Reservados)
A 2 de Janeiro de 2020, o DICA transita da DRA para o Gabinete do Secretário Regional de Agricultura e Desenvolvimento Rural e passa a denominar-se DICAs – Informações da Agricultura e do Desenvolvimento Rural, apresentando-se com uma imagem gráfica renovada. Na mensagem do Secretário Regional de Agricultura e Desenvolvimento Rural, Dr. Humberto Vasconcelos, publicada naquele número, avançava que «[…] Assim, o DICAs irá alargar o seu âmbito temático a toda a Secretaria Regional de Agricultura e Desenvolvimento Rural e às suas muitas valências, uma Secretaria que se pretende ainda mais atenta e próxima de todos e que contribua de forma decisiva para o sucesso pessoal e profissional de todos os madeirenses e porto-santenses». Disponível no endereço https://dica.madeira.gov.pt/index.php um novo número é editado à quinta-feira, podendo ser subscrito gratuitamente com a indicação do nome e do email do interessado para receber na sua caixa de correio electrónica. O DICAs dedica três destaques que podem ser artigos técnicos das áreas da agricultura, pecuária, desenvolvimento rural e alimentação saudável, complementada pelas rubricas "Agenda Semanal", "Cotações e quantidades dos bens agro-alimentares na RAM", "Aviso" e "Edital". As principais notícias do número 517 da passada quinta-feira são as seguintes: "A colheita de amostras para a identificação de Fusarium oxysporum f. sp. cubense Raça Tropical 4 (Foc TR 4)", "O mundo das leguminosas" e "III Jornadas de Educação Alimentar – alteração do programa". Periodicamente traz notícias sobre as formações técnicas ministradas na Escola Agrícola da Madeira. No topo da página e como auxiliares de pesquisa constam os separadores "Agricultura Geral", "Produção Vegetal", "Veterinária", "Bio", "Meteorologia Agrícola", "Desenvolvimento Rural", "Ajudas", "Comércio", "Eventos", "Outros Temas" e "Newsletter", sendo que neste último podemos consultar o arquivo dos boletins. É também possível procurar sobre uma determinada cultura ou um amanho cultural, como por exemplo a poda de fruteiras, e ali aceder aos artigos publicados no DICAs. Existe ainda uma funcionalidade em cada artigo que é a possibilidade do leitor comentar ou inquirir sobre alguma dúvida que queira ver esclarecida e à qual é respondida, ficando essa resposta visível para os leitores.
Se tem interesse pela agricultura, pecuária e o desenvolvimento rural da Madeira e do Porto Santo, leia e subscreva o DICAs, para estar bem informado.
Este texto foi publicado no Diário de Notícias, no dia 29 de Janeiro de 2023.
Na agricultura, a cultura da bananeira assume uma posição de relevo na Região, com mais de 820 hectares distribuídos por 5.171 explorações agrícolas, de acordo com os dados do "Recenseamento Agrícola 2019 – Região Autónoma da Madeira" publicado em 2022 pela Direcção Regional de Estatística da Madeira, pertencentes a cerca de 2.800 produtores. Basta ver a costa sul da Madeira, nos locais mais soalheiros e de baixa altitude da beira-mar até aos 250 metros, para imaginarmos como seriam aqueles terrenos sem o verde permanente dos bananais. A importância socioeconómica desta cultura vai muito além do seu valor comercial, pois acrescenta um valor imensurável à paisagem madeirense, apreciada pelos que cá vivem e sobretudo pelos que nos visitam. Em termos institucionais, a Secretaria Regional de Agricultura e Desenvolvimento Rural através da Direcção Regional de Agricultura e Desenvolvimento Rural chegou a ter um departamento específico para este cultivo, a Divisão de Bananicultura, que prestava os serviços de assistência técnica aos produtores, produção e venda de bananeiras, experimentação e demonstração através dos seus campos de ensaio. Em Setembro de 2008, com a criação da Gesba – Empresa de Gestão do Sector da Banana, Lda., e no decorrer do tempo, surgiu a necessidade de estabelecer um espaço que abrangesse as áreas atrás mencionadas (assistência técnica, experimentação e investigação, produção e comercialização de bananeiras), a história da cultura e a formação. Nesse propósito, a 23 de Junho de 2022, é inaugurado o BAM – Centro da Banana da Madeira, no sítio do Lugar de Baixo, freguesia e concelho da Ponta do Sol, onde em tempos existiu o Centro de Bananicultura. Numa superfície de aproximadamente 15.000 metros quadrados, este Centro é constituído por um edifício principal com o Núcleo Museológico e os departamentos de Investigação e da Qualidade e de Apoio ao Produtor e Formação, campos de cultivo, viveiro, um recinto de despenca e refrigeração da banana e um sistema de transporte de cachos de banana por cabo aéreo.
O Núcleo Museológico é dotado de tecnologia interactiva que mostra a história da banana na Madeira e do próprio Arquipélago, bem como a origem desta cultura. A completar a visita no museu, podemos observar plantações de bananeiras com 17 variedades, estufas, sistemas de rega localizada, e de outras árvores de fruto de clima subtropical. Aspectos como uma bananeira com o cacho limpo, isto é, sem flores, por comparação com outro que ainda não foi limpo, uma outra com um cacho em condições de ser colhido, a rega tradicional por alagamento ou "à manta" como também é conhecida entre nós, são mostrados ao visitante residente e turista, que muitas vezes só conhece o produto das prateleiras do supermercado. Em curso estão diversos estudos como a utilização de vários sensores de pH, temperatura, nutrientes, humidade do ar e do solo, para melhor entendimento da influência dos factores de clima e de solo na duração do ciclo produtivo, o já referido transporte de cachos de banana por cabo aéreo, por forma a reduzir o manuseamento após a apanha e um estudo de adaptação de uma variedade de bananeira às condições da Ilha. O BAM dispõe igualmente de uma zona de lazer composta por um bar, onde é possível apreciar a cerveja "WeissBAM" (uma "Weissbier" produzida em conjunto com a Empresa de Cervejas da Madeira), a Aguardente de Banana da destilaria ponta-solense Vinha Alta, os Chocolates de Banana da UAUCacau, bolo ou tarte de banana, entre outras iguarias, e um ponto de venda com lembranças alusivas ao Centro da Banana da Madeira e ao fruto. Com sete meses de funcionamento e segundo informações avançadas pelo Responsável do BAM, Dr. Bruno Silveira, este Centro recebeu cerca de 5.000 visitas repartidas por portugueses (residentes e nacionais) e estrangeiros (de mais de 40 nacionalidades), sendo uma referência cultural e um ponto de atracção turística que promove a banana e a Madeira.
O BAM pode ser visitado de terça a domingo das 9h00 às 18h00, estando encerrado à segunda-feira. As entradas são gratuitas para menores de seis anos, com um custo entre os seis e os 14 anos, de 4 euros, para os séniores com mais de 65 anos, 6 euros e os restantes, 8 euros.
Este texto foi publicado no Diário de Notícias, no dia 25 de Dezembro de 2022.
Neste dia de Natal, caro leitor, provavelmente está a ler este artigo na mesa onde partilhou o almoço com a família, e por isso, nada melhor que escrever sobre a iniciativa "À Volta da Mesa" promovida pela Associação Atremar a Ilha. Como objectivos deste projecto que teve o apoio da Secretaria Regional de Turismo e Cultura através da Direcção Regional da Cultura, pretende-se recuperar tradições e costumes da identidade madeirense e que estão ligadas à gastronomia regional. As receitas familiares e as histórias de vida de quem as confeccionou, são os "ingredientes" principais de uma série de sete episódios conduzida pela Sandra Cardoso, com a realização de Rui Dantas Rodrigues e banda sonora de André Santos. O "saber-fazer" das sete mulheres que apresentam outras tantas receitas, foi aprendido pela passagem de conhecimento da geração mais velha, sobretudo mães e avós, para a geração mais nova, as filhas. Na noite do dia 17 de Novembro, perante uma plateia esgotada, foi exibido na sala 5 dos Cinemas Cineplace do Madeira Shopping, um filme que mostra de uma forma resumida aquilo que se poderá ver na série. Esta será divulgada a partir do mês de Março de 2023, na página de Facebook e no canal YouTube de "A Biqueira". Além destas exibições na internet, vai ser criado um documentário com o intuito de poder vir a concorrer em Festivais de Cinema e ser apreciado pelas comunidades madeirenses, bem como pelas populações dos concelhos da Região, em salas mais pequenas.
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O Pão das Couves e o Bolo do Lar são receitas oriundas do sítio da Santa, freguesia e concelho do Porto Moniz. No primeiro episódio, Madalena Furriel, apesar de estar emigrada, não esquece a sua terra natal nem os comeres de outrora, e faz questão de explicar detalhadamente como é que se prepara um pão feito na sopa, o Pão das Couves. No segundo episódio, a Sopa de Chícharo cozinhada por Diva Freitas, da freguesia da Quinta Grande, concelho de Câmara de Lobos, recorda os ensinamentos sobre o Bordado Madeira que a sua mãe transmitiu e a comida feita no lar pela sua tia-avó. Em tempo, o chícharo era cultivado naquela localidade, estando mais recentemente a ser recuperado pelos agricultores por via da Mostra Regional do Trigo e do Chícharo organizada pela Casa do Povo local. A título de curiosidade e embora não conste do episódio, é oportuno dizer-se que o chícharo também foi cultivado no Porto Santo e que se confecciona uma sopa de chícharo, certamente com algumas diferenças em relação à sua homóloga madeirense. O Bucho de Atum, receita da freguesia e concelho de Câmara de Lobos, dada a conhecer por Leonita Freitas no terceiro episódio, demonstra que no tempo em que pouco havia, muito se fazia. No quarto episódio, ruma-se a norte, mais concretamente a São Vicente, para saber mais sobre o cuscuz. Fátima de Gouveia, do sítio dos Lameiros, freguesia e concelho de São Vicente, foi moça de casa alheia e assim foi a sua vida, a servir os outros. Agora, com a idade que tem, conta com a ajuda dos vizinhos que é como se fossem família, para fazer cuscuz. Os quinto e sexto episódios trazem o Pão Doce e o Pudim de Veludo, respectivamente. Do sítio do Rochão, freguesia da Camacha, concelho de Santa Cruz, Blandina Baptista diz que aprendeu a cozer o Pão Doce com a sua sogra, amassado pelo Natal e pelo Espírito Santo para que fosse oferecido aos mais próximos. Basilissa Fernandes, da Camacha, lembra-se com saudade dos ensinamentos culinários da sua mãe, onde se incluía a preparação do Pudim de Veludo. A Sopa de Castanha, cozinhada por Silvina Gonçalves, da freguesia do Curral das Freiras, concelho de Câmara de Lobos encerra a série. Além das tradições e costumes antigos revividos, Silvina traz de novo à memória, a importância da castanha na sua alimentação, tendo sido muitas vezes a única forma de sustento.
Se no passado as receitas eram transmitidas oralmente de geração em geração, garantindo a sua continuidade, no presente, essa prática caiu em desuso e por esse motivo urge registar para memória futura, num suporte apelativo, como é o caso do vídeo. As gerações mais novas de agora e as do porvir agradecerão o trabalho levado a cabo pela Associação Atremar a Ilha, pois está a contribuir para o perpetuar de parte da nossa identidade cultural e do saber-fazer das nossas gentes à volta da mesa, com os produtos da terra e do mar regionais.
A terminar, estimado leitor, desejo-lhe a continuação de um Feliz Natal e um 2023 com uma mesa recheada com os bons produtos da terra locais!
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