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Este texto foi publicado no dia 28 de Maio de 2017, no Diário de Notícias.

No passado dia 29 de Abril realizou-se no âmbito da XVI Exposição Regional do Limão na freguesia da Ilha, concelho de Santana, uma conferência cujo tema foi a "Agricultura de precisão: uma nova fase do sector" proferida pelo Professor Doutor Ricardo Braga do Departamento de Ciências e Engenharia de Biossistemas do Instituto Superior de Agronomia da Universidade de Lisboa, que se tem dedicado nos últimos 17 anos a esta forma de fazer agricultura. Mas, o que é a agricultura de precisão? É o tipo de agricultura que procura optimizar os recursos e os factores de produção no espaço e tempo com recurso a Tecnologias de Informação, Comunicação e Electrónica (também conhecidas pela abreviatura TICE) com o objectivo de maximizar o retorno económico de uma maneira sustentável.

Agricultor_Frances_sec_XXI_jean_marc_cote_1900_DR.

No início da apresentação, este docente e investigador mostrou uma imagem do artista visionário francês Jean-Marc Côté que em 1900 desenhou uma série de interessantes gravuras do que seriam as diversas actividades económicas no ano 2000. A figura intitulada "um agricultor muito ocupado" que complementa este "Agricultando" é da autoria daquele ilustrador, onde se vê um agricultor confortavelmente sentado a manobrar uma alavanca e uma série de botões para operar as diversas alfaias agrícolas no campo. É claro que em 2017, a agricultura por mais que se tenha tornado mecanizada e automatizada, o Homem precisa de estar no terreno e de mangas arregaçadas. Porém, não deixa de ser curiosa aquela ilustração que representa uma interpretação artística do que poderia ser a agricultura cem anos depois do seu tempo. Se na segunda metade do século passado, a preocupação era uma produção agrícola em quantidade para satisfazer as necessidades da humanidade, no presente, essa produção deve ter qualidade sem comprometer o ambiente e com redução de custos.

A agricultura de precisão é sinérgica em relação à agricultura biológica e à agricultura de conservação, isto é, em conjunto, os resultados são superiores se estas existissem em separado. A medição da variabilidade, a análise de dados e posterior decisão, e a carta de prescrição são os principais passos da agricultura de precisão. Nesta conferência, foram dados vários exemplos. O uso de sensores no solo para medir a quantidade de água e saber se esta está disponível de igual modo no solo. Uma tomada universal utilizada em tractores denominada "Isobus" que serve para transmitir dados entre o computador, a máquina e a alfaia agrícola. A fertilização localizada quase planta a planta em função de cartas de produtividade obtidas através de drones e de imagens de satélite, porque ao contrário do modelo convencional que é generalista, num terreno, a sua fertilidade não é igual. A condução de tractores por GPS sem condutor, permitindo ao operador observar se a alfaia agrícola está a funcionar devidamente ou mesmo um tractor autónomo sem cabine. Uma aplicação informática que "dá" instruções para que se aplique herbicida só nas infestantes, poupando assim o pesticida de uso agrícola e reduzindo o seu impacto ambiental. É claro que tudo isto só é possível com o registo de dados relativos à exploração agrícola, quer manualmente, quer electronicamente. Por outras palavras, os programas e aplicações informáticas ligadas aos equipamentos só funcionam, se o Homem introduzir esses dados. Sobre a obtenção de informação, o Professor Doutor Ricardo Braga divulgou os serviços prestados pelo satélite europeu Sentinel da Agência Espacial Europeia que disponibiliza gratuitamente informações gerais, por meio da plataforma "Sentinel playground", sendo que para dados mais específicos de uma determinada superfície, é necessário recorrer a empresas prestadoras de serviços que recolhem as informações pretendidas com recurso a drones. O orador da conferência desmistificou que a agricultura de precisão é cara, que só compensa para quem tem grandes áreas, que só pode ser usada para culturas agrícolas com grande retorno económico, que é apenas tecnologia, GPS e drones, e alfaias topo de gama. Adiantou que há uma sonda de água que custa 1.500 euros e que dá uma informação precisa da quantidade de água numa determinada parcela, mas existe um bolbo "watermark" que custa cerca de 20 euros e que fornece informação suficiente para um agricultor de pequena dimensão. Como obstáculos ao avanço da agricultura de precisão, o conferencista enunciou a falta de formação e de conhecimento entre os técnicos e estudantes do ensino superior, bem como a falta de apoio ao investimento nesta vertente para os empresários agrícolas.

Por último, quando confrontado no debate, como é que a agricultura de precisão poderia ser aplicada na Madeira, o Professor Doutor Ricardo Braga respondeu que através da detecção remota por drones, do mapeamento e de programas informáticos de processamento de imagem com resolução espacial de um centímetro, numa visão de cima para baixo, completada com o uso de sensores de água e de condutividade eléctrica do solo para a indispensável visão de baixo para cima, estaria ao alcance do agricultor que quisesse recorrer ao serviço prestado por uma empresa da especialidade com ganhos a médio e longo prazo.

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