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Textos sobre Agricultura madeirense no Diário de Notícias da Madeira (1.ª série, quinzenal - de 9.9.2007 a 13.6.2010; 2.ª série, mensal, de 30.1.2011 a 29.1.2017; 3.ª série, mensal de 26.2.2017 a ...)
Este texto foi publicado no dia 30 de Dezembro de 2012, na revista "Mais" do Diário de Notícias. Neste tempo da Festa, é gratificante ver a abundância das nossas hortícolas e frutas que dão cor às bancas de venda e às mesas, deliciando os sentidos. Quem não gosta de visitar o Mercado dos Lavradores nesta altura do ano e comprar a semilha nova, a batata doce, a "vaginha" (regionalismo que significa feijão verde), os "espigos", a couve repolho, entre outros. Os frutos da estação como a tangerina, a laranja de "umbigo" (ou "Baía"), a anona, a goiaba, o abacate, o tomate arbóreo, os pêros regionais "Domingos", "Ponta do Pargo", "Calhau" e as maçãs "Cara de Dama", "Barral", "Reineta", são igualmente presença obrigatória nas "lapinhas" e nas "lapinhas de escadinha". A combinação feliz de microclimas, o factor altitude, as vertentes norte e sul da Ilha, a valiosa biodiversidade agrícola local e o saber-fazer do Agricultor madeirense, proporcionam num território pequeno como o nosso, algo que é difícil encontrar noutro ponto do país e impossível de comparar com outra região europeia. Diria mesmo, que é um presente afortunado pela natureza, abençoado por Deus e acarinhado pelo ilhéu. No passado dia 8 do presente mês, Manuel Araújo, também conhecido por Rocha, apresentou na Escola Secundária Francisco Franco, o seu primeiro livro "Roteiro Gastronómico das “Ilhas Afortunadas” – Madeira e Porto Santo". Funcionário recentemente aposentado daquela escola, dedicou-se desde sempre a defender e a promover a gastronomia madeirense, apelando ao consumo dos produtos agrícolas regionais, pela sua qualidade e frescura e pela valorização da economia insular. Nesta edição de autor, Manuel Araújo, natural da Camacha, faz uma viagem pelos aromas e sabores da Madeira e Porto Santo, tendo reunido mais de 100 receitas em 85 páginas. Dividiu a sua obra em cinco capítulos, "Licores e outros", "Entradas/Escabeches", "Sopas/Caldos", "Peixe/Carne/Arroz/Massas" e "Bolos/Broas/Sobremesas". Estão lá os licores de tangerina e tim-tam-tum, tão característicos da época natalícia. As entradas, gata (ou bacalhau de Câmara de Lobos) de escabeche e as lapas grelhadas. Nas sopas, as quentinhas canja e açorda madeirense e a original sopa de maçã (Camacha). Nos pratos de peixe, a espada em camadas (Câmara de Lobos) e a feijoada de atum (Machico) confeccionada com feijocas. Nos pratos de carne, a carne da noite (São Jorge), a carne frescal (Camacha) que é preparada na Festa e tem a particularidade de poder ser guardada durante um mês, o guisado com cuscuz, uma receita proveniente do Convento de Santa Clara e servida na Páscoa, o cozido da Ribeira Brava. Nas sobremesas, o bolo de maçã (Camacha), a torta de banana (Madalena do Mar), o pão-de-ló do Porto Santo e as roquetas (Ponta do Sol). Como vê, caro leitor, há muito por onde escolher e o que aqui menciono, é uma pequena parte do livro. É notório que o autor teve a preocupação de apresentar receitas, que têm produtos que identificam a Região, sejam estes agrícolas e seus derivados, sejam os peixes e as carnes. Um excelente exemplo, que apesar de muitas vezes termos a sensação que a gastronomia madeirense é só filete de espada, bife de atum e espetada, Manuel Araújo demonstra no seu Roteiro que a nossa culinária é muito rica e diversificada. Um feliz 2013 com muita saúde!
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